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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ORA, POIS...


Eu tenho um amigo eletrônico... não, êle não é “eletrônico”, êle é de carne e osso, mas êle e eu nos conhecemos apenas pelas vias cibernéticas, nunca nos encontramos pessoalmente. Êle me ajuda na formatação do meu blog, onde publico semanalmente também estes meus PENSAMENTOS (www.pensamentoscs.blogspot.com). De vez em quando, além das interações de praxe com referência à formatação dos textos e fotos no blog, esse meu amigo e eu enveredamos em discussões acaloradas sôbre assuntos políticos, pois temos históricos e caminhos de vida bem diferentes, o que nos leva, penso eu, pelo menos parcialmente, a ter uma visão bem diferente desta nossa bagunça chamada Brasil, e tudo que nela ocorre. Acho que seria justo dizer que êle tem uma visão socialista, com preocupações de cunho capitalista, enquanto eu tenho uma visão mais capitalista, com preocupações de cunho socialista. De vez em quando a discussão se aproxima de um ponto de ebulição, tanto que amigos comuns, a quem a troca de e-mails espinhudos é visível, começam a pedir que deixemos de lado a política, e falemos de futebol... mas nessas horas o meu amigo apela para uma desculpa, entre outras, que é muito comum na cultura brasileira: culpar as nossas mazelas nas características da nossa colonização, ou seja, culpar os os nossos patrícios Portugueses por tudo que acontece por aqui. Eu já disse a êle mais de uma vez que isso não faz o menor sentido, e que isso é apenas um subterfúgio para que não se faça nada a respeito de nada, e que as coisas fiquem como estão, posição preferida daqueles que auferem vantagens pessoais e financeiras a partir do status-quo. ORA, POIS... não é que esta semana, folheando a Revista VEJA (edição 2240 – ano 44 - no 43 – 26/10/2011, pg. 38), deparei-me na secção Leitor, reservada aos comentários dos leitores da revista, com um comentário oriundo diretamente da “Terrinha”. O “gajo” JOAQUIM CORTE-REAL, diretamente de Lisboa, Portugal, faz um comentário que deveria ser transcrito nas cartilhas de escola dos brasileirinhos que um dia estarão dirigindo esta nação, ao invés da “vermelhidão” retrógrada hoje promulgada pelo nosso Ministério da (des)Educação. Passo a transcrever o que escreveu o Senhor Corte-Real, sob o subtítulo “Corrupção no Ministério”, em resposta a um artigo intitulado “O ministro recebia o dinheiro na garagem” (Revista VEJA anterior, de 19/10/2011): “Os brasileiros – do Brasil – sempre nos culpam, dizendo que a colonização portuguesa deixou uma herança maldita em vosso país. Tenho acompanhado, pela VEJA, a corrupção em vosso país, em particular nos partidos de trabalhistas, esquerdistas, socialistas. Esses cidadãos estão além da razão comum e seus partidos são incompetentes e muito corruptos. Os brasileiros – do Brasil – ainda não aprenderam que o sistema trabalhista/socialista não funciona. Vejam bem como estamos aqui em Portugal, e como estão a Espanha, a Grécia, e a Itália, pela falta de responsabilidade de governos socialistas europeus, que sabem gastar muito bem, ser corruptos, e manipular o povo, dando migalhas aos pequeninos, enriquecendo os seus parceiros, e deixando sempre um grande passivo para os governos seguintes. Brasileiros – do Brasil – , assumam suas verdadeiras responsabilidades, e não culpem os outros pelos infortúnios. Desculpem-me se estou sendo demasiado severo em minhas palavras.” Não, Senhor Corte-Real, o Senhor não está sendo demasiado severo com suas palavras, o Senhor conseguiu em, pràticamente, um parágrafo, definir perfeitamente a mazela-mor que acomete o nosso Brasil, e os brasileiros – do Brasil – ,como o Senhor diz. A língua Portuguesa – de Portugal – prima pela literalidade de suas palavras e interpretações, e o Senhor não poderia ter sido mais literal, mais correto, mais conciso, enfim mais perfeito, nas suas considerações. Como eu gostaria de fazer este texto chegar às suas mãos; talvez eu até tente fazê-lo através do setor editorial da VEJA – Editora Abril. Senão vejamos... a mesma Revista VEJA que publicou o seu comentário, traz NA CAPA a seguinte manchete: “Dez Motivos para se INDIGNAR com a corrupção: Com os 85 BILHÕES de reais surrupiados pelos corruptos brasileiros no último ano seria possível (*): 1) Erradicar a Miséria; 2) Custear 17 milhões de sessões de quimioterapia; 3) Custear 34 milhões de diárias de UTI nos melhores hospitais; 4) Construir 241 Quilômetros de Metrô; 5) Construir 36.000 Quilômetros de Rodovias; 6) Construir 1,5 Milhão de Casas; 7) Reduzir 1,2 Ponto Porcentual na Taxa de Juros; 8) Dar a cada Brasileiro um Prêmio de 443 Reais; 9) Custear 2 Milhões de Bolsas de Mestrado; 10) Comprar 18 Milhões de Bolsas de Luxo (iguais àquelas com que os corruptos presenteiam sua mulher e amantes); (*) Escolha uma das Alternativas”. Acima dessa manchete há outra: “Orlando Silva: Gravações mostram assessores do ministro ajudando o “bandido” a fraudar o ministério”. E para cobrir a parte “... manipular o povo... enriquecendo seus parceiros...” do comentário do Senhor Corte-Real, há uma terceira e última manchete na capa da VEJA citada: “Câmbio: A Miami que o real pode comprar”. Que país é esse onde uma revista respeitada e com o volume de circulação da VEJA circula com uma CAPA dessas... é o Brasil – dos brasileiros – os quais, incluindo o meu amigo “eletrônico”, se não se conscientizarem que estamos praticando uma política de governo que já falhou no resto do mundo, estarão condenados a alcançar e repetir a mesma falha. Errar é humano; persistir no êrro é burrice!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 40/2011 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 946 28/10/2011).

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