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quinta-feira, 9 de junho de 2011

O MUNDO É O QUE NOS FAZEMOS DELE...



 Tenho recebido vários comentários a respeito das minhas ultimas colunas. Alguns de leitores que não conheço, e outros de amigos de terras distantes da nossa Guaxupe, que lêem a coluna no meu blog (www.pensamentoscs.blogspot.com). Mante-los-ei anônimos, claro, e aproveito que estou falando deles para agradecer todos aqueles que comentam os meus textos, pois sao eles que me encorajam a continuar escrevendo. Mas nesses últimos comentários ha um tema de base comum que me incomoda, uma especie de conformismo com o qual eu nao me conformo, e por isso resolvi esta semana escrever sobre esse tema. Meu objetivo nao e discutir com ninguem, mas expressar a minha opinião a respeito desse tema, o meu PENSAMENTO (afinal, esse e o titulo da coluna...). Primeiro, vamos descrever o tal tema comum: desde que terminei a minha serie de 12 textos nesta coluna descrevendo um pouco da historia da tecnologia de computação e comunicações vista através das lentes da minha carreira profissional (quem nao leu e quer ler, esses textos estão no blog...), meus textos tem sido críticos de caracteristicas negativas marcantes da cultura brasileira; a falta de educação, a falta de seriedade, a pouca importância dedicada a educação, a corrupção galopante, o sistema judicial irresponsável e venal, o desrespeito a mulher (por comparação... nada como o descrito na semana passada sobre as culturas do oriente médio, mas a violência domestica crescente, as piadas sempre presentes sobre as "loiras burras", as desigualdades no mercado de trabalho, e vai por ai afora). O tema comum dos comentários e um conformismo do seguinte estilo: "... pare de reclamar, as coisas sao assim mesmo, nada vai mudar porque você reclama, conforme-se com o jeito que as coisas sao...". Vou lhes dar como exemplo o comentário de um amigo sobre a coluna da semana passada intitulado "BURKA". Escreveu o amigo: "... Os indianos abortam de meninas, pois os filhos homens  são os herdeiros e o pai da noiva ainda tem que pagar o dote... Ter uma filha nesses países significa empobrecimento para toda a família, como o era no Brasil Colônia... As viúvas vivem de favores na casa de parentes, submetidas a todos os tipos de humilhações... Os judeus segregam totalmente as mulheres em suas sinagogas e sao obrigados a irem com a cabeça coberta, assim como os muçulmanos... A posição da mulher na sociedade japonesa continua a ser servil, mesmo depois de 60 anos do fim da guerra... De qualquer forma, a emancipação feminina que aconteceu no seculo XX e só no ocidente é um fenômeno de muito pouca abrangência no tempo e no espaço... Com a China voltando ao lugar que ocupava nos últimos 2 milênios, que é a de ser o país mais importante do mundo, o Império do Meio, e que ela perdeu temporariamente por 500 anos, a posição da mulher vai ser o que sempre foi na China, subalterna na aparência, mas maquiavélica na realidade... É bom não esquecer que a condição feminina no ocidente só mudou nos últimos 150 anos, antes era o Gineceu, o Harem, o Shati e outras formas de dominação... Em suma, cada civilização tem os seus próprios Códigos Culturais e não me parece sábio querer impor o Código Cultural central a toda a periferia. Os Romanos duraram 2 mil anos porque respeitavam as culturas locais..." Tudo isso para inferir que deveríamos respeitar o tratamento das mulheres que eu descrevi. Pois aqui vai o meu PENSAMENTO: respeito não é algo merecido simplesmente porque se existe, ou se fez algo por muito tempo; respeito e algo merecido pelo conteúdo e pelo bom senso associados ao que se e e ao que se faz. Nada deve ser automaticamente respeitado só porque subsistiu ao teste do tempo.. Se presenciamos algo que desafia os principios mais básicos de bom senso, temos por obrigação agir de forma a combatê-lo, mudá-lo, melhorá-lo. Respeitar e omitir-se quanto as barbáries que eu descrevi na coluna da semana passada, como exemplos extremos do desrespeito a mulher, e sinônimo de conivência! E quem quer ser conivente com aquelas barbáries? Apesar de toda a reclamação, quem me conhece pessoalmente sabe que eu nao sou uma pessoa negativa, portanto vou concluir exemplificando com um aspecto totalmente positivo da minha vida, como eu penso deve ser a nossa atitude frente ao mundo que enfrentamos: Ha muitos anos atrás, quando a cidade de Cancun, no México, estava começando a se desenvolver como o centro turístico que é hoje, muitas organizações de classe profissional eram incentivadas a promover seus encontros lá, como parte daquele desenvolvimento. Fui entao, convidado a ser o palestrante principal de uma conferencia internacional em Cancun; passamos lá uma semana, e nos encantamos com a hospitalidade dos Mexicanos, e a beleza geográfica do local. O azul turquesa do Mar do Caribe ao longo da orla, em Cancun, e inigualável, e indescritível em palavras. Contra todos os conceitos vigentes ("e uma selva, e muito quente, a cultura mexicana nunca permitira que o local realmente se desenvolva, os cartéis de drogas ilegais", e vai por ai afora), investi em uma base que nos permitisse voltar a Cancun uma vez por ano, já pensando no México como um ponto central entre o nosso nativo Brasil e o adotado Estados Unidos, onde nossos filhos, então no fim da adolescência, hoje residem com suas famílias e nossos netos. Ao longo dos anos, observamos e contribuímos para o que Cancun e hoje, um dos principais pontos turísticos do mundo. Este ano, 4 dos meus 5 netos compartilharam Cancun comigo: Sebastian (4), Isabella (2), Holden (1) e Lucas (5 meses). O quinto neto Cristian (2.5) que nao pode estar conosco, certamente estará o ano que vem, assim espero. Dedico este texto aos meus netos, na esperança que eles tenham frente ao mundo a mesma atitude do Vovô, respeitando só o que merece respeito e não o que e simplesmente o status-quo, e lutando incansavelmente pelo que eles acreditam deva ser o status-quo. O mundo e o que nos fazemos dele...
 O autor é engenheiro, doutor em ciência da computação, professor universitário, e pode ser contatado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 22/2011 – Jornal da Região – ANO XVII, No 926 – 10/06/2011).

Um comentário:

  1. Meu caro colunista

    Será que o extermínio dos índios pelos americanos em nome do progresso , o aculturamento dos silvícolas brasileiros sendo obrigados a trocarem sua cultura milenar pelos preceitos da Igreja Católica, são justificáveis em nome de uma suposta civilidade? Respeitar culturas nunca foi o forte dos colonizadores sejam espanhóis, inglêses, portuguêses ou americanos.
    Quem de nós pode julgar outras culturas quando a nossa é tão bárbara quanto a deles.
    A diferença que é não há hipocrisia. Me parece mais uma questão de ordem social e econômica.
    Não justifica, mas explica.

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