O Grande CHICO ANISIO, como JUSTO VERISSIMO |
“FEBRE ELEITORAL”
Ao retornar ao Brasil depois de uma
ausência de dois meses, encontrei a nossa cidade em plena fase de campanha
eleitoral. Aproxima-se o pleito de Outubro, onde decidiremos quem ocupará a
Prefeitura da cidade nos próximos quatro anos, e também a Câmara de Vereadores.
Talvez venha a escrever em semana próxima a respeito dos candidatos à
Prefeitura e seus propostos Vice-Prefeitos, mas nesta coluna gostaria de me
concentrar na corrida “lotada” a uma cadeira na Câmara dos Vereadores. Para
começar, andando pela cidade, é impossível não notar que há uma espécie de
Febre Eleitoral à solta na comunidade. Os adesivadores de carros devem estar
rindo sòzinhos pelo crescimento extraordinário da demanda de adesivos mostrando
os candidatos, de todos os tamanhos, inclusive com figuras em tamanho natural
tomando toda a lateral do veículo! Uns sòzinhos… outros acompanhados dos
candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito na sua coligação partidária. Neste
semanário há algumas semanas foi publicada a lista completa de candidatos à
Vereadoria… 158!! Dependendo a quem se pergunta, dizem que o total real é 172!!
Não importa o número exato, mas a ordem de magnitude é impressionante… de
estarrecer. Principalmente porque quando se conversa na cidade, todas as
pessoas, sem exceção, dizem que querem distância da política, a não ser os que
já estão imersos nela até o pescoço, e até esses, às vezes… Portanto cabe a
pergunta: Por que, de repente, esse
interesse todo pela política? Principalmente porque em uma cidade relativamente
pequena como a nossa, acabamos conhecendo pessoalmente muitos dos candidatos, e
a verdade é que o cotidiano deles não é indicativo que eles tenham a menor
idéia do que seja a responsabilidade de ser representante do povo em uma Câmara
de Vereadores. Aproveitando essa Febre Eleitoral, a imprensa local também tem
noticiado a ineficiência daqueles que vem ocupando a Câmara de Vereadores;
diz-se de membros que em vários anos, em vários mandatos não apresentaram
sequer UM projeto para melhoria da qualidade de vida da população. Repete-se a
pergunta: Por que, de repente, esse
interesse todo pela política? A tal lista de candidatos contém o nome, e o
APELIDO das figuras… até neste semanário houve um texto publicado sobre
apelidos curiosos… através dos quais eles e elas curiosamente aludem ao seu
cotidiano: É o “fulano do açougue”, o “ciclano da padaria”, o “beltrano da TV”…
e a “fulana da verdura”, a “ciclana da pastelaria”, a “beltrana da perfumaria”…
O que será que está por trás disso tudo? Será que esse povo todo, de repente,
desenvolveu o interesse de trabalhar pelo bem estar da comunidade, acima do
benefício próprio?? Aí a gente descobre que o “fulano do açougue” não está
trabalhando no açougue, e o “ciclano da padaria” não está trabalhando na padaria,
e o “beltrano da TV” não está trabalhando na TV… e a “fulana da verdura” não
está trabalhando com a verdura, e a “ciclana da pastelaria” não está
trabalhando na pastelaria, e a “beltrana da perfumaria”… bem vocês entendem,
tenho certeza, o espírito da coisa. Acontece que a lei exige que os candidatos
se desliguem temporàriamente de suas atividades profissionais para evitar
conflitos de interesse durante a campanha, mas com remuneração continuada…
hmmmm… isso está me cheirando a uma “boquinha”… alguns meses de salário sem
trabalho. E depois, se eleitos, há o salário do Vereador (ultimamente muito tem
se falado sobre o 13o…), jetons, e que tais… mais “boquinha”… sera
que essas “boquinhas” estão por trás da Febre Eleitoral? Sei não… sei não… Nos
países do primeiro mundo, Vereador não tem salário… a representação eleita do
povo é considerada um privilégio sem conta, que não é remunerado, e é exercido
com apenas um apoio de infraestrutura espartana de logística local. Fico me
perguntando se esses candidatos todos, fosse essa a perspectiva da
representacão, seriam realmente candidatos… Será que eles ou elas (alguns pela
figura nos carros pràticamente cheirando a leite…) estão pensando em fazer
projetos para melhorar a vida da comunidade, ou sera que eles estão na corrida
pelas “boquinhas”…? Um outro colega colunista deste semanário há algumas
semanas escreveu uma coluna onde rezava que a compra e venda de votos no Brasil
é uma realidade que não tem jeito… e então se configura o que é realmente um
círculo vicioso. Os fulanos, ciclanos, e beltranos se candidatam, e entram na
primeira “boquinha”, os que se elegem entram na segunda “boquinha”, aí não
apresentam nenhum projeto para melhora da qualidade de vida da população, fazem
um pouco de barulho nas reuniões da Câmara para marcar presença, trabalham no
esquema de “compra e venda de votos”, se reelegem, e a coisa continua sempre a
lesma lerda… E como fica a população eleitora nesse círculo vicioso? Jogada
para as cobras!... Não tenho a menor intenção neste texto de pré-julgar
ninguém… mas com o pano de fundo acima descrito (quisera eu fosse ele
fictício…), acho que faz sentido concluir esta coluna com um desafio aos 158,
ou 172, ou qualquer que seja o número de candidatos: os eleitores e eleitoras
desta cidade pedem que vocês façam uma introspecção e perguntem a vocês mesmos:
“Eu tenho idéia do que faz um Vereador?, Eu estou pronto para colocar os
interesses da comunidade acima dos meus próprios interesses? Eu já pensei em
projetos que apresentarei no intúito de melhorar a qualidade de vida da minha
comunidade? Eu me sentirei honrado por representar um segmento da população da
minha comunidade na Câmara, e honrarei os compromissos que assumi com meus
eleitores?” … Se a resposta a essas perguntas for SIM, então fiquem firmes nos seus
propósitos e preparem-se para tornar esse SIM, e a sua visão de atuação bem
claras para a comunidade, para que haja um respeito mútuo em torno de sua
candidatura, e de um termo potencial na Câmara dos Vereadores. Mas se a
resposta for “NÃO, e eu só estou nessa corrida para pegar a “boquinha 1”, e
talvez a “boquinha 2””, então façam um favor a si próprios e à população
Guaxupeana: removam sua candidatura, pois essa é a única atitude honesta e que
carrega um mínimo de decência. Honestidade não é só não dar cheque sem fundo…
Honestidade é honestidade de propósito. A política Brasileira ainda é,
infelizmente, uma política feudal. É como dizia o personagem Justo Veríssimo do
saudoso Chico Anísio: “Agora que eu me elegi e tô aqui, eu tenho mais é que me
arrumá…” Se você, candidato ou candidata à Câmara de Vereadores de Guaxupé,
almeja algo diferente do que participar dessa política feudal, então parabéns e
sucesso na sua candidatura. Boa semana a todos.
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor
universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 32/2012 – Jornal da Região
– ANO XIX, No 988 - 24/08/2012).
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ResponderExcluirBoas Leituras!
Claudio.