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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

FEBRE ELEITORAL

O Grande CHICO ANISIO, como JUSTO VERISSIMO



“FEBRE ELEITORAL”

 

Ao retornar ao Brasil depois de uma ausência de dois meses, encontrei a nossa cidade em plena fase de campanha eleitoral. Aproxima-se o pleito de Outubro, onde decidiremos quem ocupará a Prefeitura da cidade nos próximos quatro anos, e também a Câmara de Vereadores. Talvez venha a escrever em semana próxima a respeito dos candidatos à Prefeitura e seus propostos Vice-Prefeitos, mas nesta coluna gostaria de me concentrar na corrida “lotada” a uma cadeira na Câmara dos Vereadores. Para começar, andando pela cidade, é impossível não notar que há uma espécie de Febre Eleitoral à solta na comunidade. Os adesivadores de carros devem estar rindo sòzinhos pelo crescimento extraordinário da demanda de adesivos mostrando os candidatos, de todos os tamanhos, inclusive com figuras em tamanho natural tomando toda a lateral do veículo! Uns sòzinhos… outros acompanhados dos candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito na sua coligação partidária. Neste semanário há algumas semanas foi publicada a lista completa de candidatos à Vereadoria… 158!! Dependendo a quem se pergunta, dizem que o total real é 172!! Não importa o número exato, mas a ordem de magnitude é impressionante… de estarrecer. Principalmente porque quando se conversa na cidade, todas as pessoas, sem exceção, dizem que querem distância da política, a não ser os que já estão imersos nela até o pescoço, e até esses, às vezes… Portanto cabe a pergunta: Por que, de repente,  esse interesse todo pela política? Principalmente porque em uma cidade relativamente pequena como a nossa, acabamos conhecendo pessoalmente muitos dos candidatos, e a verdade é que o cotidiano deles não é indicativo que eles tenham a menor idéia do que seja a responsabilidade de ser representante do povo em uma Câmara de Vereadores. Aproveitando essa Febre Eleitoral, a imprensa local também tem noticiado a ineficiência daqueles que vem ocupando a Câmara de Vereadores; diz-se de membros que em vários anos, em vários mandatos não apresentaram sequer UM projeto para melhoria da qualidade de vida da população. Repete-se a pergunta: Por que, de repente,  esse interesse todo pela política? A tal lista de candidatos contém o nome, e o APELIDO das figuras… até neste semanário houve um texto publicado sobre apelidos curiosos… através dos quais eles e elas curiosamente aludem ao seu cotidiano: É o “fulano do açougue”, o “ciclano da padaria”, o “beltrano da TV”… e a “fulana da verdura”, a “ciclana da pastelaria”, a “beltrana da perfumaria”… O que será que está por trás disso tudo? Será que esse povo todo, de repente, desenvolveu o interesse de trabalhar pelo bem estar da comunidade, acima do benefício próprio?? Aí a gente descobre que o “fulano do açougue” não está trabalhando no açougue, e o “ciclano da padaria” não está trabalhando na padaria, e o “beltrano da TV” não está trabalhando na TV… e a “fulana da verdura” não está trabalhando com a verdura, e a “ciclana da pastelaria” não está trabalhando na pastelaria, e a “beltrana da perfumaria”… bem vocês entendem, tenho certeza, o espírito da coisa. Acontece que a lei exige que os candidatos se desliguem temporàriamente de suas atividades profissionais para evitar conflitos de interesse durante a campanha, mas com remuneração continuada… hmmmm… isso está me cheirando a uma “boquinha”… alguns meses de salário sem trabalho. E depois, se eleitos, há o salário do Vereador (ultimamente muito tem se falado sobre o 13o…), jetons, e que tais… mais “boquinha”… sera que essas “boquinhas” estão por trás da Febre Eleitoral? Sei não… sei não… Nos países do primeiro mundo, Vereador não tem salário… a representação eleita do povo é considerada um privilégio sem conta, que não é remunerado, e é exercido com apenas um apoio de infraestrutura espartana de logística local. Fico me perguntando se esses candidatos todos, fosse essa a perspectiva da representacão, seriam realmente candidatos… Será que eles ou elas (alguns pela figura nos carros pràticamente cheirando a leite…) estão pensando em fazer projetos para melhorar a vida da comunidade, ou sera que eles estão na corrida pelas “boquinhas”…? Um outro colega colunista deste semanário há algumas semanas escreveu uma coluna onde rezava que a compra e venda de votos no Brasil é uma realidade que não tem jeito… e então se configura o que é realmente um círculo vicioso. Os fulanos, ciclanos, e beltranos se candidatam, e entram na primeira “boquinha”, os que se elegem entram na segunda “boquinha”, aí não apresentam nenhum projeto para melhora da qualidade de vida da população, fazem um pouco de barulho nas reuniões da Câmara para marcar presença, trabalham no esquema de “compra e venda de votos”, se reelegem, e a coisa continua sempre a lesma lerda… E como fica a população eleitora nesse círculo vicioso? Jogada para as cobras!... Não tenho a menor intenção neste texto de pré-julgar ninguém… mas com o pano de fundo acima descrito (quisera eu fosse ele fictício…), acho que faz sentido concluir esta coluna com um desafio aos 158, ou 172, ou qualquer que seja o número de candidatos: os eleitores e eleitoras desta cidade pedem que vocês façam uma introspecção e perguntem a vocês mesmos: “Eu tenho idéia do que faz um Vereador?, Eu estou pronto para colocar os interesses da comunidade acima dos meus próprios interesses? Eu já pensei em projetos que apresentarei no intúito de melhorar a qualidade de vida da minha comunidade? Eu me sentirei honrado por representar um segmento da população da minha comunidade na Câmara, e honrarei os compromissos que assumi com meus eleitores?” … Se a resposta a essas perguntas for SIM, então fiquem firmes nos seus propósitos e preparem-se para tornar esse SIM, e a sua visão de atuação bem claras para a comunidade, para que haja um respeito mútuo em torno de sua candidatura, e de um termo potencial na Câmara dos Vereadores. Mas se a resposta for “NÃO, e eu só estou nessa corrida para pegar a “boquinha 1”, e talvez a “boquinha 2””, então façam um favor a si próprios e à população Guaxupeana: removam sua candidatura, pois essa é a única atitude honesta e que carrega um mínimo de decência. Honestidade não é só não dar cheque sem fundo… Honestidade é honestidade de propósito. A política Brasileira ainda é, infelizmente, uma política feudal. É como dizia o personagem Justo Veríssimo do saudoso Chico Anísio: “Agora que eu me elegi e tô aqui, eu tenho mais é que me arrumá…” Se você, candidato ou candidata à Câmara de Vereadores de Guaxupé, almeja algo diferente do que participar dessa política feudal, então parabéns e sucesso na sua candidatura. Boa semana a todos.

O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 32/2012 – Jornal da Região – ANO XIX, No 988 - 24/08/2012).

 

Um comentário:

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    Boas Leituras!

    Claudio.

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