Parte IX: quem não leu Partes I – VIII, escrevam para mim (claudio.spiguel@gmail.com), ou visitem meu blog (www.pensamentoscs.blogspot.com). E um par de anos se passaram estudando, e ensinando História da Computação na Universidade de Michigan. No fim dos anos 70 a marcha da miniaturização (Parte V) dos processadores, da memória interna (RAM – “Random Access Memory”), memória permanente (discos e fitas magnéticas), e praticamente todos os componentes daquela gambiarra que eu havia usado para o acesso remoto ao computador da Universidade (Parte VII) estava em franco progresso. Com o tamanho e o preço diminuindo, e a capacidade aumentando, todos vertiginosamente, a distribuição da capacidade de processamento (Parte III) na direção de computadores pessoais se tornou uma realidade inevitável. Uma firma chamada Apple já havia lançado uma série de “personal computers” – computadores pessoais (Apple I, II, III e LISA). O povo em geral, no entanto, ainda nao havia se ligado no que estava por vir, e havia uma certa dúvida generalizada sôbre a utilidade do que era ainda visto como uma calculadora cara. A Apple oferecia apenas “software” (programas ou coleções de instruções que operam o computador) proprietário, e com isso poucos programas eram disponíveis para usos mais corriqueiros, como, por exemplo, edição de textos. O “marketing” da Apple era insuficiente para qualquer penetração significativa, e como o conceito de rede (conexão entre computadores) ainda era latente e os computadores pessoais da época, como os computadores “mainframes”, eram pràticamente estanques, o conceito como um todo parecia ter a aura de uma curiosidade de ficção científica, ao invés da ferramenta indispensável que é nos dias de hoje. Mas aí, em 1981, o peso-pesado da indústria de computadores, a IBM, lançou o seu PC (“Personal Computer”), com o “software” de operação DOS (“Disk Operating System”), e o fez com esse sistema aberto (não proprietário), de modo que firmas de produção de “software” que não a própria IBM foram incentivadas a criar e desenvolver uma miríade de programas para as mais variadas necessidades do dia-a-dia inicialmente profissional, e depois pessoal de indivíduos. Isso, aliado ao poder formidável de “marketing” da IBM, lançou de uma vez por todas o computador pessoal, e estabeleceu uma dominância de mercado para a IBM e máquinas compatíveis com o PC que se mantém até hoje. Em 1980 a Apple havia evoluido o LISA para uma série de computadores pessoais denominados MACintosh, incorporando uma interface gráfica para os usuários e o aparecimento do “mouse”; na verdade, essa interface foi desenvolvida pela XEROX PARC – Palo Alto Research Center na California, mas os executivos da XEROX julgaram que esse era um produto sem futuro... IMAGINEM!! Incorporando o conceito de uma interface gráfica para usuários o DOS evoluiu para o que é hoje o WINDOWS da Microsoft. Perguntem ao Sr. Bill Gates se esse produto não tinha futuro... Mas aí em 1981 o Centro de Computação da Universidade de Michigan adquiriu um IBM PC só com o intúito de ter um, sem muitos planos, apenas para pesquisa. Ao mesmo tempo, a XEROX desenvolveu a 9700, a primeira impressora para imprimir por laser em uma página normal de papel, ao invés das impressoras por impacto em formulário contínuo (aqueles com os furinhos nas margens esquerda e direita usados por catracas para avançar o papel). Essa nova impressora era uma outra revolução por si só, e para todo o contrôle da nova tecnologia de impressão era ela mesmo um outro computador que requeria uma sala com ar condicionado para operar. Comparem com as impressoras de hoje... a Universidade de Michigan, como uma das instituições mais avançadas na Ciência de Computação da época, foi escolhida para testar a nova impressora, e uma foi instalada no Centro de Computação com acesso apenas para o pessoal interno ao Centro. Eu, na época, estava começando a escrever a minha dissertação de Doutorado. Até então, a única maneira de publicar uma dissertação, um dos requerimentos para a obtenção do título de Doutor, era seguir o mesmo processo de publicação de um livro (a dissertação É um livro... a minha tem quase 300 páginas!), ou seja pagar um datilógrafo profissional para datilografar o seu texto, projetar a paginação, inserir apropriadamente figuras, gráficos, fotos, tabelas, etc., fazer um índice de títulos e sub-títulos, um índice remissivo de palavras-chave, uma bibliografia de citações e referências, notas de rodapé, e assim por diante. Dada a natureza evolutiva do texto de uma dissertação, com vários ciclos de leitura e comentários de todos os cinco professores da banca examinadora, esse processo era extremamente ineficiente e CARO (os datilógrafos profissionais eram pagos por hora de trabalho!). O formato para aceitação de uma dissertação é bastante rígido, e portanto uma adição, correção, ou eliminação de um parágrafo, digamos, na página 20, pràticamente forçava a re-datilografia de TODAS as páginas a partir da 20, para acertar a paginação, inserção de figuras, índices, citações. Os datilógrafos ganhavam a vida com essa história. A 2ª experiência minha relevante a como esse processo evoluiu aos dias de hoje foi como eu produzi a primeira dissertação em Michigan sem o uso de um datilógrafo, e direto da impressora para o encadernador. Os detalhes comporão a Parte X. Não percam, e boa semana a todos!
(O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 03/2011 – Jornal da Região – ANO XVII, No
Nenhum comentário:
Postar um comentário