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quarta-feira, 1 de maio de 2013

O PERIGO HOJE ESTÁ EM BRASÍLIA





"O PERIGO HOJE ESTÁ EM BRASÍLIA"

Há muitos que praticam uma ogeriza dos Estados Unidos e dos Americanos ao redor do mundo, e no nosso Brasil isso não é exceção. Eu comparo isso com o que acontece em um campeonato esportivo: todos os participantes querem bater no primeiro colocado.
Vocês, leitores e leitoras que já acompanham esta coluna há algum tempo, lembram-se daquele meu “amigo eletrônico” de Brasília, idealizador primeiro do meu blog (www.pensamentoscs.blogspot.com) onde também publico estes PENSAMENTOS, e que depois se tornou amigo pessoal em Belo Horizonte? Pois é, ele é um desses que não perde a oportunidade de atacar os Estados Unidos quando ela aparece, e gosta de me cutucar pelas ligações afetivas, familiares e profissionais, que eu tenho com aquele país.
Recentemente ele, nesse afã, comentou sobre o documentário “O Dia que Durou 21 Anos” do jornalista Flávio Tavares, que cobre a influência do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964. No início desta semana, mais especificamente na Terça-feira, 30 de Abril de 2013, a colunista Dora Kramer do Estadão publicou em seu blog (http://www.estadao.com.br/colunistas/dora-kramer) um artigo sob o título “Lição do Abismo” que cita esse documentário sob um ângulo que eu julguei deveras apropriado, e muito interessante. Transcrevo aqui, portanto, o referido texto, após o qual eu retornarei para um comentário final.
“A Lição do Abismo: O Dia que Durou 21 Anos é um documentário para ser visto e compreendido em duas dimensões, a explícita e a implícita. Trata da influência do governo dos Estados Unidos no golpe militar de 1964, mas não é só isso. Subjacente às urdiduras norte-americanas no Brasil, o argumento do jornalista Flávio Tavares confere nitidez à linha tênue que separa as palavras ditas das intenções pretendidas quando o nome do jogo é Poder.  
No filme, Newton Cruz, um dos mais coléricos personagens do período, diz uma frase que surpreende pela autoria e deixa patente a diferença entre o discurso de defesa da democracia que justificou a conspirata para derrubar João Goulart e a prática que logo revelaria o intuito de instalar uma ditadura militar longeva no País.  "Disseram que iriam arrumar a casa, mas ninguém leva 20 anos para arrumar uma casa", aponta o aposentado general quase ao final dos 77 minutos de projeção.
Para além do relato em si, a constatação convida o pensamento a passear pelo terreno das razões alegadas e dos métodos utilizados por aqueles com vocação autoritária. Gente refratária ao contraditório, obstinada na perseguição de seus objetivos, convicta de que seus fins justificam o emprego de quaisquer meios e, sobretudo, partidária da ideia de que alternância no exercício do poder é praticamente um crime de lesa-pátria.  O procedimento mais tradicional observado nesses grupos é o uso da força, a truculência sem ambiguidades, a ilegalidade impudente. Assim foi a partir daquele dia de março/abril do qual se ouvirá falar muito, junto com Copa e eleições, em 2014 por ocasião da passagem de seu meio século.  
Há, porém, outras maneiras de o autoritarismo se expressar. Ladinas, sorrateiras, mas sempre ao abrigo do discurso de defesa de ideais democráticos. Ambas as formas são perigosas, mas a segunda pode ser mais ruinosa justamente porque não ataca de frente preferindo comer o mingau pelas beiradas.  Persistentemente, construindo o cerco à atuação dos adversários, o enfraquecimento das instituições e a debilitação dos instrumentos de guarda da legalidade, nos detalhes.
Um aqui, outro ali, sem nunca descuidar de distribuir benesses pontuais e promover uma sensação geral de bem-estar a fim de que seus propósitos não despertem reações.  E, se despertarem, que possam ser atribuídas aos invejosos, aos conspiradores, aos preconceituosos, aos inimigos do povo, aos que não se conformam com o êxito dos locatários do poder que pretendem dele se tornar proprietários.  De onde é preciso estar atento. Não se deixar confundir nem iludir. Nunca menosprezar gestos aparentemente laterais, insignificantes, pitorescos até.  
Nada tem de inocente a proposta apresentada por um deputado supostamente secundário do PT para que se derrube o pilar do sistema republicano de equilíbrio entre Poderes e se submetam decisões da Corte Suprema ao crivo do Legislativo ou de plebiscitos.  Não houvesse imprensa livre para denunciar e Judiciário independente para reagir, a proposta poderia prosperar. Se hoje tivéssemos o conselho de controle e fiscalização dos meios de comunicação proposto no início do primeiro mandato de Lula, se os ministros indicados por governos do PT ao STF tivessem se curvado à lógica de que à indicação deveria corresponder conduta submissa, talvez a ideia do deputado Nazareno não fosse tratada como a ignomínia que é.  
De onde é preciso prestar muita atenção à tal de Comissão Especial de Aprimoramento das Instituições instalada em novembro na Câmara por iniciativa do PT, com a tarefa de rediscutir os papéis do Executivo, Legislativo e Judiciário. Disso já trata a Constituição que, uma vez respeitada, cuida bem de manter afastados do Brasil os males do arbítrio.”
Pois é, o ataque recente à base da democracia brasileira visando minar a separação fundamental entre os três poderes, com a tentativa de tornar o poder judiciário (STF) submisso ao poder legislativo (Congresso) por, como escreveu Dora Kramer, “um deputado supostamente secundário do PT” é um exemplo CLARO de que O PERIGO HOJE ESTÁ EM BRASÍLIA. E o perigo se apresenta, também como escreveu Dora Kramer, de maneiras “Ladinas, sorrateiras, mas sempre ao abrigo do discurso de defesa de ideais democráticos.”
Neste último Domingo (28/04), eu buscava na programação da TV a satélite algo interessante para matar algumas horas, e como estamos falando de documentários, me deparei com um título interessante, no canal da “National Geographic”, conhecido por aqui como NATGEO, que geralmente apresenta documentários muito interessantes sobre a evolução da Terra, das diferentes culturas, os animais, as plantas, os minerais, etc., assim como a revista mensal de mesmo nome publicada pela mesma organização, e bastante conhecida. O título do documentário era “A Verdade de Cada Um”, e pesquisando a descrição, descobri que ele estava sendo anunciado como uma “representação da realidade brasileira” em quatro capítulos sobre assuntos básicos de infraestrutura: Consumismo, Educação, Desmatamento, e Alimentos. Assinava a direção do documentário, o internacionalmente famoso diretor brasileiro Fernando Meirelles.
Gravei os capítulos para assistí-los quando conveniente, mas resolvi assistir o capítulo da Educação, que estava para começar, esperançoso de ver uma apresentação real do estado DEPLORÁVEL em que se encontra a Educação no Brasil, como já escrevi várias vezes, sob vários ângulos, nesta coluna no passado. Ao invés disso, um ilustre desconhecido “professor” de história, aparecia constantemente na tela fazendo a seguinte afirmação: “A Educação não serve para melhorar a condição sócio-econômica da população… é apenas um mecanismo para a ELITE preservar o seu status…” Como…?!?!?!?!?... Aí para “explicar” essa pérola barbárica, apareciam cenas em uma classe de crianças em idade de ensino secundário, onde um professor perguntava: “o que é a ELITE?” E as crianças respondiam em uníssono: “São os ricos…” Isso às 21 horas em um Domingo à noite… HORÁRIO NOBRE!!
Ladinas, sorrateiras, mas sempre ao abrigo do discurso de defesa de ideais democráticos.” Alguma dúvida que O PERIGO HOJE ESTÁ EM BRASÍLIA?? Boa semana a todos.
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 17/2013 – Jornal da Região – ANO XIX, No 1023 03/05/2013).

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