Meu amigo, vizinho, e Companheiro Rotariano Edson Leite é também meu colega colunista neste Semanário. No passado, já reforçamos opiniões concordantes, como quando ambos escrevemos sôbre o absurdo da fuligem que cai sôbre Guaxupé quando fazendeiros que plantam cana em volta da cidade aderem à prática ILEGAL da queima do palhiço da cana para preparação do terreno para o re-plantio. Em outras vezes, debatemos construtivamente opiniões discordantes, como quando ambos escrevemos sôbre as consequências para o Brasil do Programa Bolsa Família e outras Bolsas similares. Tenho certeza que ao longo da nossa amizade ainda concordaremos e discordaremos muitas vezes, e isso é bom, desde que é da discussão que nasce a luz, e é da riqueza das diferenças que emergem opiniões mais significativas. Hoje mais uma vez vou discordar do Edson, mais especificamente da conclusão da coluna dele de duas semanas atrás, intitulada "A CASA CAIU" (Jornal da Região - ANO XVIII, No 936 - 19/08/2011). Nela, o Edson comenta sôbre a assim chamada "Crise do Teto da Dívida Interna Americana", e êle conclui: "Dessa vez a casa caiu mesmo.", referindo-se à economia americana. Na verdade, eu só discordo da imagem deixada pela conclusão, desde que o artigo do Edson é muito bem escrito, e tècnicamente correto (nenhuma surpresa aqui...). O Edson comenta sôbre o partidarismo extremo que na administração atual americana anda de fato exacerbado pelo fato de que os Democratas elegeram nas últimas eleições presidenciais o primeiro Presidente negro dos Estados Unidos, o Presidente Barack Obama. Mas ai êle rotula o ocorrido de "incompetência político-administrativa", e eu fico pensando... Será que nós, brasileiros, com nosso Senado e Câmara atuais, temos condição de chamar qualquer órgão legislativo, principalmente os amricanos, de... incompetentes?! Basta ligar um pouco a TV Senado e/ou a TV Câmara e assistir o espetáculo deprimente que ocorre nessas casas todos os dias! Impera a incompetência, o despreparo, a corrupção... é como um programa humorístico de mau gosto. Não sei bem se com esse telhado de vidro podemos, ou devemos, jogar pedras no do vizinho. Edson comenta que a agência de avaliação de segurança de investimentos Standard & Poor's abaixou a nota dos Estados Unidos (de AAA para AA, notem...), e isso é fato. Houve pânico nas bolsas de todo o mundo, e isso também é fato, e a explicação suscinta dada pelo Edson sôbre emissão de moeda e títulos e sua relação com lastro real é precisa. Mas é preciso um certo cuidado em interpretar a frase do Edson: "... bilhões em ações evaporaram". A coisa não é bem assim; só incorrem em perda real os investidores que entram, de fato, em pânico (essa é a palavra certa), e abandonam seus investimentos, ou seja, vendem suas ações. No "professor mercado" (como diz o Edson) americano, a variação da economia se dá em torno de um valor positivo e não do zero, pois embora a tal nota abaixada signifique, de fato, que o lastro americano talvez não honrasse TODAS as dívidas para com seus investidores (moeda e títulos), o lastro lá ainda existe, é real, e é mais forte do que em qualquer outra economia do mundo, e portanto os investidores que permanecem firmes, confiantes, e "aguentam" a correção de lastro apelidada de "crise" (isso é o que realmente acontece, uma aproximação dos títulos emitidos com o lastro), emergem mais fortes. Os índices "Dow Jones" e "Nasdaq" já recuperaram o que perderam durante o pânico, e agora nas mãos de investidores mais fortalecidos. É verdade que, como diz um amigo meu mineiro, "quando "Wall Street" espirra, o resto do mundo pega pneumonia", portanto as perdas acabam sendo mais reais em outras bolsas pelo mundo, onde a recuperação é mais difícil e mais lenta. Concluo com um recado pessoal ao Edson e aos leitores: na mesma edição do Jornal da Região em que foi publicada a sua coluna "A CASA CAIU", algumas páginas a frente, está noticiada a morte de um político, assassinato encomendado, diz a notícia. Eu fico pensando no caso Celso Daniel, e no caso Waldomiro Diniz, e na montanha de evidência narrada pelo jornalista Ivo Patarra em seu livro "O CHEFE", e eu fico pensando que toda essa sem-vergonhice, toda essa impunidade, toda essa corrupção desenfreada da nossa administração pública, são sintomas muito mais fortes que a nossa própria casa está caindo, muito mais do que uma correção de lastro, que é um fato intrínseco, inerente a economias saudáveis. Portanto, em vez de ficarmos como torcedor de time de várzea, olhando para o time que está na ponta da tabela e torcendo para êle CAIR, que tal nos concentrarmos em evitar que o nosso time CAIA, votando bem e exigindo probidade e transparência fiscal dos nossos representantes eleitos? Fica aqui a sugestão, e tenho certeza que concordamos nisso tudo.
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 34/2011 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 938 – 02/09/2011).
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