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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

VIAGEM À RUSSIA – Conclusão

















Nenhuma visita a St. Petersburg é completa sem uma parada no Palácio de Inverno dos Tsares, hoje o Museu de Arte HERMITAGE, e eu dediquei um dia inteiro a êle. E foi pouco, muito pouco! Não sei se um dia voltarei lá, mas é algo que gostaria muito de fazer. Basta dizer que mesmo para quem conhece o Louvre em Paris, o Prado em Madrid, o Museu Britânico em Londres,  e a Itália, que é um museu como um todo, a coleção de arte do Hermitage impressiona e supera. É simplesmente a maior e mais rica coleção de objetos de arte do mundo! Há mais de TRES MILHÕES de peças de arte catalogadas lá. E a suntuosidade do lugar só se compara, no meu entendimento, ao Vaticano. Aliás, o contraste, até na época da minha visita, entre a pobreza dos arredores do Palácio e a riqueza do Palácio em si, agride o visitante. A Tsarina Catarina II, conhecida històricamente como Catarina, a Grande, que iniciou a coleção de arte em 1764, é também relembrada por uma sua frase famosa: “A arte do Palácio é para mim e para os ratos...”, com a qual ela enfatizava que a arte não era para o povo. Essa atitude e o contraste já mencionado denotam a extrema desigualdade que impera no outro extremo do espectro, o sistema monárquico de governo, e que certamente contribuiu para a guinada de 180 graus para a falácia do comunismo, que prega a igualdade, mas só implementa uma outra desigualdade que é mais perigosa, por ser velada. Como em tudo na vida, a virtude não está em nenhum dos extremos, mas sim no meio, onde repousam os sistemas democráticos com uma preocupação social significativa, os quais a própria história do mundo já comprovou serem os mais duradouros e eficientes. Voltando ao Hermitage, se tiverem a chance de visitá-lo, não hesitem! As coleções de Rembrandt e Raphael, por exemplo, são inigualáveis e inesquecíveis! É difícil descrever o Hermitage em palavras. E aí chegou a hora de deixar a União Soviética. Meu vôo era de St. Petersburg para Viena, pela Austrian Airlines (nada de Aeroflot!). Cheguei ao aeroporto com antecedência, mas não tinha idéia do que iria enfrentar com a “polícia de saída”, a alfândega russa. Logo ao chegar ao embarque internacional, notei que várias filas passavam obrigatòriamente por mesas largas, próprias para colocar malas em cima para inspeção por oficiais uniformizados. Ou seja, de fato, o que normalmente ocorre em outros países por ocasião da ENTRADA de viajantes, na Rússia ocorre na SAÍDA. Coloquei minha mala em cima da mesa, e tambem uma valise de mão para coisas de trabalho, documentos, e que continha também aquela caixinha pirogravada que eu havia comprado em Kiev para minha esposa. O oficial, de início, ignorou as malas, e se dirigiu a mim em um Inglês impecável, mencionando a minha aliança e a correntinha com o agnus dei, ambos de ouro. Apresentei a êle a declaracão de objetos de interêsse que preenchemos na entrada; êle não escondeu uma certa frustração por não poder confiscar os objetos de ouro, e ato contínuo abriu a minha valise de mão, e se deparou com a caixinha de Kiev. Abriu então um largo sorriso, e afirmou que objetos de arte não podiam deixar a Rússia. Apresentei então a certidão obtida da galeria de arte em Kiev, afirmando que aquela caixinha havia sido colocada à venda sob autorização do governo soviético, e havia sido comprada legalmente por mim. Visivelmente irritado, êle me pediu o Passaporte, e quando lhe mostrei o Passaporte brasileiro êle enrijeceu, deu meia-volta, e desapareceu com o passaporte sem dizer UMA palavra. “E agora”, pensei... “será que eu vou desaparecer do mapa, começando pelo Passaporte?” Daí  há pouco êle voltou com outro Oficial uniformizado, o qual começou a se dirigir a mim em um Português Brasileiro PERFEITO, sem qualquer sotaque. Fiquei boquiaberto, mas fui conversando, enquanto êle inspecionava toda a minha bagagem. Ao final, êle me entregou de volta o Passaporte, e disse que estava tudo em ordem, e que eu podia embarcar sossegado. Aí eu não aguentei, e perguntei a êle: “Você é brasileiro? Ou morou no Brasil? Como é que você fala Português tão bem?” E êle me respondeu que era russo, e nunca havia saído da União Soviética (surpresinha...), e que na polícia alfandegária soviética havia sempre de plantão elementos que falavam perfeitamente pràticamente TODAS as línguas existentes no mundo! Vocês já imaginaram?? Notei, então, como que para confirmar o que êle havia me dito, que na mesa seguinte à que eu estava uma família italiana estava sendo “inspecionada”, e o Oficial presente falava com êles em um Italiano perfeito! Embarquei minha mala, e me dirigi a uma ante-sala de embarque para o vôo. Uma vez sentado no avião, o sentimento era de um alívio extremo; embora em nenhum momento eu estivera exposto a assédio físico real, o sentimento de estar sob observação constante durante 20 dias era mentalmente opressivo. Aí na porta do avião apareceu um soldado uniformizado do exército vermelho... êle marchou pelo corredor do avião e parou bem ao lado do meu assento. “Pronto...”, pensei, “algo aconteceu e eu vou mesmo sumir do mapa com Passaporte e tudo!” Aí o soldado me entregou a minha câmera fotográfica, que eu havia esquecido na ante-sala de embarque. Algumas horas mais tarde, eu saboreava em Viena um doce de massa folhada, dos melhores do mundo. Espero que vocês tenham gostado da “VIAGEM À RUSSIA”, e que tenha ficado claro a vocês, leitores, o porque do título desta coluna de seis semanas atrás, o qual deu origem a esta VIAGEM em seis partes: “COMUNISMO: QUE ATRASO DE VIDA!!”. Boa semana a todos!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 33/2011 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 937 26/08/2011).

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