"RESOLUÇÕES DE ANO NOVO PARA OS BRASILEIROS"
Esta é a última semana do ano, e como sempre nossas mentes se voltam para um balanço do ocorrido no passado e o que achamos que podemos mudar e influenciar no futuro através de resoluções que consideramos tomar nessa noite tão igual à todas as outras noites, mas que nós, humanos, convencionamos chamar de Noite de Ano Novo na estrutura artificial que usamos para medir a passagem do tempo. A maioria de nós concentra-se em coisas pessoais: parar de fumar, começar uma dieta, consertar aquela porta que não fecha há anos... mas não há nada de errado em pensar mais alto, em termos de comunidade, de cidade, de estado, ou até de país, ou quem sabe, planeta! Mas vamos nos ater ao nível de país e usar como pano de fundo o fator mais forte que tem determinado a evolução da economia mundial desde a segunda metade do século passado: a transição da Era Industrial para a Era da Informação. Pedro Superti publicou no "Webinsider" uma análise interessante dessa evolução; uso partes dessa análise para construir o nosso pano de fundo: "Internet, Adam Smith e Economia": As leis de Adam Smith diante da Internet: Veja como a internet tornou obsoletas leis econômicas que governaram o mundo por 300 anos... certas atividades rotineiras até pouco tempo atrás simplesmente estão sumindo de nossa agenda e hábitos diários. Coisas simples como: enviar um fax; enviar um telegrama; ir à locadora de filmes; fila de banco; pesquisar e comprar livros; ir à loja comprar CDs; telefonar para saber horários de ônibus e vôos. E a lista poderia continuar por horas e faz pensar como algo que existe há dez anos (levando em conta que a internet realmente atingiu a maioria dos brasileiros a partir de 1999) pode ter mudado hábitos de décadas e décadas anteriores. O mais curioso é que a mudança afetou também os princípios da economia moderna que têm sido a base de nosso sistema financeiro há séculos. Princípios da Economia Moderna: Em 1776 Adam Smith (escritor e filósofo Escocês) escreveu um livro chamado A Riqueza das Nações (Wealth of Nations), onde abordava as razões que seriam responsáveis por uma nação ser rica e outra pobre. Suas ideias permanecem importantes até hoje e são usadas por quase todas as nações desenvolvidas. Ele até figura nas atuais notas de 20 libras do Reino Unido. Algumas dessas ideias ajudam a entender como atribuímos valor às coisas, baseados em três pilares: CAPACIDADE DE EXCLUSÃO: o vendedor pode “excluir” você da posse do produto (como uma telecom que corta sua linha telefônica quando você não paga). O produto é complexo para ser replicado; então se você quer mesmo tê-lo, precisa comprar do vendedor. USO EXCLUSIVO: o produto não pode (na medida do possível) ser usado por mais de um pessoa. Se duas pessoas desejam usá-lo, você precisa comprar duas unidades. TRANSPARÊNCIA: compradores podem identificar com clareza o que eles estão adquirindo, antes mesmo da compra. Essas regras funcionaram por séculos, principalmente quando falamos de produtos físicos, como carros, frutas e roupas. E com produtos não-físicos? As leis de Adam Smith funcionaram que era uma beleza durante muito tempo. Até que em 1956 aconteceu algo fantástico nos Estados Unidos: o número de “trabalhadores de conhecimento” passou, pela primeira vez na história da humanidade, o número de “trabalhadores braçais” ou de “fábrica”. Existiam agora mais contadores, professores, engenheiros, arquitetos, advogados, publicitários, consultores e afins do que trabalhadores clássicos como agricultores e metalúrgicos. E qual a diferença do primeiro para o segundo grupo? O primeiro trabalha com um produto intangível chamado “informação”. Esse foi o marco do fim da era industrial. A era da informação acabara de nascer... antes da internet, qualquer informação era paga. As indústrias literária e a fonográfica, por exemplo, cresciam de vento em popa. Os autores de qualquer pedaço de informação ou propriedade intectual eram pagos por sua criação. Impérios de mídia (televisão, rádio, jornais e revistas) foram criados. Mas com o advento da internet, a casa de Adam veio abaixo: CAPACIDADE DE EXCLUSÃO?: conteúdo fácil de criar e enviar para outras pessoas. USO EXCLUSIVO?: um e-mail é suficiente para enviar seu conteúdo para um mundo e meio. TRANSPARÊNCIA?: agora que você já tem acesso ao conteúdo, meio que perde a vontade de comprar, não? (Duvida? Veja o que o MP3 fez com a indústria de CDs das gravadoras)... com a internet veio a explosão de e-mails, websites, foruns, blogs, vídeos e redes sociais e nunca se teve tanto acesso a conteúdo público e grátis (olha o que aconteceu com os jornais de papel depois da internet) – e mesmo assim, nunca se teve tanta sede de conhecimento quanto agora. Então… vivemos num mundo imerso em informação e movido pela Internet..." Algumas observações minhas antes de sugerir resoluções aos meus compatriotas: 1) A Internet depende de computadores e redes, e portanto, de eletricidade. Uma medida visual de desenvolvimento atual de áreas no globo é quão iluminadas (eletrificadas) elas aparecem à noite em imagens por satélite. Uma tal foto recente da pequena península que compõe a Coréia fornece uma comparação gritante de desenvolvimento entre as Coréias: do Norte (governo ditatorial comunista - no escuro) e do Sul (governo democrático capitalista - brilhando). Para ver a foto leia este texto no meu blog: www.pensamentoscs.blogspot.com ; 2) Outra diferença importante entre o "trabalhador de conhecimento" e o "trabalhador braçal" é o nível de educação. 3) Em um sistema financeiro que se aproxima do mundo virtual do conhecimento e se afasta da base de troca do mundo industrial em termos de seus valores, a honestidade dos participantes e a transparência dos negócios assumem papel capital no poder competitivo das nações. Agora, as resoluções: 1) Largarei mão de apoiar governos de esquerda; o mundo já provou que êles só geram retrocesso. 2) Cuidarei o melhor possível da minha educação e da educação dos meus semelhantes (isso inclue governantes, governados, ensinadores, e ensinados, em todos os níveis, em todas as situações, e em todas as idades). 3) Em tudo que penso e faço, a honestidade para com o meu semelhante será imperativa e inegociável, e nunca mais tirarei vantagem do próximo em minhas ações. Se a maioria dos Brasileiros fizerem, e seguirem essas resoluções, o Brasil será um país com algum futuro na Era da Informação. Senão será sempre a lesma lerda... FELIZ ANO NOVO a todos!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 49/2011 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 955 – 30/12/2011).
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