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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

"GO BLUE!!" - Lição#3












"GO BLUE!!" - Lição#3

Bem, antes de começarmos a Lição#3, preciso fazer uma correção no texto da Lição#2. Relatei a história do capacete dos Wolverines de Michigan como me foi relatada por amigos locais há anos atrás, e não chequei a veracidade completa dos fatos. Tenho certeza que não houve qualquer intenção maliciosa por parte dos amigos, e êles relataram a história da maneira correta, mas erraram o técnico! Um dos meus leitores assíduos, meu filho André, me enviou com fontes e tudo a história correta. Foi Fritz Crisler, técnico dos Wolverines em meados dos anos 30, que trouxe com êle da Universidade de Princeton o desenho do capacete. O resto da história confere, e foi um dos assistentes de Crisler que levou o mesmo desenho para a Universidade de Delaware. Fielding Yost foi, de fato, um técnico legendário, o primeiro a elevar o time de futebol americano da Universidade de Michigan à prominência que ocupa até hoje, tanto que a arena de Hockey sôbre patins no gelo, um outro esporte no qual os Wolverines se destacam, leva o seu nome: "Yost Ice Arena". Fritz Crisler foi também um técnico legendário, e o Ginásio de Esportes da Universidade de Michigan, onde jogam os Wolverines do time de Basquete e de Vôlei, leva o seu nome: "Crisler Arena". Vocês, leitores, devem estar se perguntando: "mas se êsses foram técnicos famosos de futebol americano, por que seus nomes acabaram em Arenas para outros esportes?" Bem, porque as dependências de treinamento de futebol americano foram nomeadas em homenagem ao MAIS legendário de todos os técnicos na história da Universidade de Michigan, Glenn Edward "Bo" Schembechler, um dos técnicos mais vitoriosos na história do futebol americano universitário. Essas dependências incluem um campo de treino ao ar aberto, um ginásio coberto para treino em clima adverso, e um museu mostrando as conquistas dos Wolverines ao longo dos anos, e esse conjunto se chama "Schembechler Hall". Bo Schembechler era o técnico dos Wolverines durante pràticamente todo o período em que participei da Universidade, primeiro no corpo dicente, e depois no corpo docente. Tive a grata oportunidade de interagir com êle várias vezes, inclusive ouvi-lo discursar sôbre motivação. A capacidade de Bo para motivar suas audiências era simplesmente fenomenal, e os Wolverines que jogavam para êle refletiam isso no campo de jogo. Bem, após mais essa ligeira investida na história dos Wolverines, voltemos ao futebol americano em si, e há mais alguns detalhes que preciso ainda descrever para um bom entendimento da mecânica do jogo. O início do jogo, e reinício após um dos times marcar pontos, se dá com um terceiro tipo de chute chamado CHUTE "KICKOFF", que é dado pelo time que marcou pontos (ou no início decidido por um cara ou coroa) no estilo de um CHUTE "FIELD GOAL", mas com a intenção de um CHUTE "PUNT" (ver Lição#2). As tentativas de mover a bola na direção da "casa" do adversário se iniciam com a bola colocada até aonde ela foi movida na jogada anterior, e a linha que atravessa o campo lado a lado passando pelo ponto aonde está a bola chama-se Linha de Batalha ("Line of Scrimmage"). A jogada começa com a bola no chão, controlada por um jogador que é denominado "CENTER", atrás do qual se posiciona o "QUARTER BACK"; o movimento inicial que coloca a bola em jogo é um passe para trás do "CENTER" para o "QUARTER BACK", que pode escolher mover a bola êle mesmo, ou passá-la novamente. Passes iniciados atrás da Linha de Batalha podem ser feitos em qualquer direção. Passes iniciados na frente da Linha de Batalha podem ser sòmente laterais, ou para trás. Se o passe efetuado pelo "QUARTER BACK" se completar, ou seja, o recebedor assumir contrôle total da bola, a jogada continua até que o jogador em posse da bola seja derrubado e seu joelho e/ou cotovêlo tocar o chão (ver Lição#1). Se o passe efetuado pelo "QUARTER BACK" não se completar, ou seja, o recebedor não conseguir controlar completamente a bola e ela tocar o chão, a jogada morre, e a tentativa seguinte se inicia na mesma Linha de Batalha da jogada anterior. Finalmente, o jogo é jogado em 4 tempos de 15 minutos cada um, sendo esses 15 minutos de bola em jogo, não tempo corrido. Entre o segundo e o terceiro tempo há um intervalo de 15 minutos corridos. Portanto um jogo completo dura, em média, 3 horas e meia a 4 horas. PRONTO... agora temos o mínimo minimorum para entender o que está acontecendo quando assistimos um jogo de futebol americano. Na verdade preciso agradecer ao meu amigo eletrônico pela oportunidade do desafio de descrever esse jogo em palavras. Não é brincadeira as "700 páginas" de estratégias, regras, penalidades, e "otras cositas más", portanto eu me impus o desafio, e levou 3 artigos para descrever o mínimo minimorum. Mas agora posso concluir com os pontos sôbre a cultura americana refletidos no seu jogo preferido. Estimei 66 jogadores por time na Lição#2; na verdade, alguns jogadores jogam em vários dos times especiais, e o número máximo permitido por regra é 53 jogadores. Cada um deles tem uma tarefa específica a cumprir em cada tipo de jogada que participam, e em cada estratégia escolhida pelo líder do time (parte da sua responsabilidade é a liderança) em conjunto com os técnicos. A margem de êrro é mínima para que as jogadas funcionem, e o tempo é limitado para comunicação (se o tempo alocado se esgota, o time é penalizado em jardas). Portanto o balanço entre responsabilidade individual e sucesso do time tem de ser perfeito para uma vitória. É óbvio que apenas os melhores jogadores atingem o nível profissional, portanto dadas as INÚMERAS Universidades americanas, um número enorme de jogadores saem do nível universitário para carreiras profissionais em outros campos, e levam consigo treinamento universitário (são OBRIGADOS a estudar alguma coisa durante os anos que jogam pela Universidade) e a disciplina do jogo em si. Eu tive vários funcionários que haviam sido jogadores de futebol americano, e sem exceção eram excelentes colaboradores, fiéis, competentes, e motivados. Reflete-se no jogo a SERIEDADE presente em TUDO que fazem os americanos. Também, como o ponto de entrada no sistema como um todo é o talento esportivo, ao invés do acadêmico, o sistema estende treinamento universitário a camadas da população que poderiam não alcançá-lo por outras vias, e como os recursos envolvidos nos esportes tanto a nível universitário como profissional são significativos, a inclusão social promovida pelo sistema é real, e sustentável. Espero ter ajudado o meu amigo eletrônico a entender o jogo de futebol americano, e pelo menos despertado a curiosidade de vocês, leitores, sôbre esse esporte. Se vocês assistirem um jogo e tiverem dúvidas, eu estou à disposição. Não exitem em escrever (claudio.spiguel@gmail.com). Boa semana a todos!

O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 03/2012 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 958 – 20/01/2012).

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