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domingo, 8 de janeiro de 2012

"GO BLUE!!" - Lição#2






























"GO BLUE!!" - Lição#2



Na semana passada inclui nesta coluna a Lição#1 para a compreensão do Jogo de Futebol Americano, e disse que a Lição#2 seria melhor compreendida se o pupilo assistisse um tal jogo comigo, ou com alguém que conheça o jogo a fundo. Isso é verdade, mas há ainda alguns conceitos básicos que precisam ser abordados antes que uma compreensão do jogo no contexto de características da cultura americana seja possível, interessante, e ilustrativa. Poderia dizer que esses conceitos são ainda parte da Lição#1, mas não... relendo a coluna da semana passada, acho que a Lição#1 ficou de bom tamanho. Consideremos o que segue como o comêço da Lição#2. Falei na Lição#1 de Ataque e Defesa, movendo a bola para um lado ou para o outro buscando os 6 pontos na "casa" do adversário, o que aliás se chama "TOUCHDOWN". Falei também de um chute através da forquilha que vale 3 pontos, que aliás se chama "FIELD GOAL". Mas não falei de um outro tipo de chute, que acontece quando um time atacando chega a uma quarta tentativa e ainda há muito a avançar para conseguir as 10 jardas necessárias, portanto com pouca probabilidade de consegui-las, e muito longe da "casa" do adversário para tentar o chute de 3 pontos. Se mesmo assim o time tentar e não conseguir, o outro time assume a posse da bola onde essa quarta tentativa parar, o que pode ser próximo à "casa" do time que estava atacando. Existe então uma escolha de transformar a quarta tentativa em um chute que é como um chute de limpeza de área por um beque central, e que se chama "PUNT". O objetivo desse chute é ceder a posse de bola ao adversário o mais longe possível da "casa" do time que está cedendo a posse, para dificultar o mais possível a tarefa de ataque do adversário que assume a posse da bola. Falei portanto, até agora, sôbre SEIS funções distintas e importantes no jogo: 1) ATAQUE, tentando mover a bola em busca dos 6 pontos do "TOUCHDOWN"; 2) DEFESA-1, tentando impedir o ataque do adversário; 3) CHUTE "FIELD GOAL" em busca dos 3 pontos; 4)DEFESA-2, tentando bloquear o "FIELD GOAL"; 5) CHUTE "PUNT", buscando ceder a posse de bola o mais longe possível da própria "casa"; e 6) DEFESA-3, tentando bloquear o "PUNT" e tomar posse da bola o mais próximo possível da "casa" do adversário. Pois bem, em cada time, cada uma dessas funções é executada por um conjunto DIFERENTE de onze jogadores. É claro que um mesmo jogador pode participar de mais de uma função, mas essa é a exceção, e não a regra. Temos, portanto, via de regra, pelo menos 66 jogadores (6 conjuntos de 11 jogadores) em um time, e mais, é claro, os reservas. Os reservas são necessários para substituições por má performance, como em todo esporte, mas também pelo alto risco do jogador se machucar, desde que, como mencionei na Lição#1, o contato pessoal é parte do jogo, pois a tentativa de mover a bola é parada derrubando o jogador adversário no chão! É claro que naqueles manuais volumosos de estratégias e regras há muitas limitando o tipo de contato, e penalidades (em termos de jardas para longe do objetivo buscado e número de tentativas) são impostas por transgressão delas, mas mesmo assim o risco dos jogadores se machucarem é alto. Por isso, o uniforme para o jogo inclue proteções em pràticamente todas as juntas do corpo, e a cabeça é protegida por um capacete de invólucro duro, completamente forrado com espuma, e uma grade na frente para proteger o rosto. E já que falamos da minha "Alma Matter", a Universidade de Michigan, na Lição#1, vai aqui na Lição#2 mais um pouquinho de história dos "Wolverines" (como são chamados carinhosamente os jogadores, pelo nome do mascote do time, uma espécie de lontra grande e brava que era comum no estado de Michigan no passado, hoje quase extinta): o capacete do time é bem sui-generis, azul marinho, e com estrias amarelas (as cores da Universidade) ao longo da cabeça no sentido longitudinal (fotos do wolverine e do capacete no meu blog: www.pensamentoscs.blogspot.com). Apenas uma outra Universidade tem um capacete semelhante, com a diferença que o tom do azul é royal em vez de marinho, e essa é a Universidade de Delaware, onde, por coincidência, eu também fui professor titular. A ligação dos alunos com o futebol universitário é tão grande que meus alunos sempre brincavam comigo dizendo que um dos motivos pelos quais eu havia aceito uma posição no corpo docente em Delaware era pela similaridade dos capacetes. Um dos nomes lendários no Futebol Americano Universitário foi Fielding Yost, um técnico dos "Michigan Wolverines" por 25 anos no inicio do seculo passado (1901-1923, 1925-1926), e foi êle que projetou a decoração do capacete, com a seguinte justificativa: como eu escrevi na semana passada, os campeonatos de Futebol Americano Universitário ocorrem no outono americano (nossa primavera) e no início do inverno (nosso verão), de Agosto a Janeiro, e portanto nos estados do Norte americano, como é o caso de Michigan, muitos jogos podem ocorrer em meio à neblina intensa, e os capacetes assim decorados facilitam a visão do "QUARTER BACK" no campo de ataque para identificar seus companheiros de time nos passes mais longos. Um dos técnicos assistentes de Fielding Yost se tornou técnico dos "Fighting Hens" (o mascote, Galo de Briga) de Delaware , e foi assim que o capacete similar acabou no time de Delaware. Opa... falei do "QUARTER BACK" e não defini isso ainda para vocês, leitores. Vamos, então, falar um pouco de LIDERANÇA. Todos os seis conjuntos de 11 jogadores de um time de futebol americano têm um jogador líder em campo, e todos são muito importantes, mas o MAIS importante, o mais "badalado", é o líder do time de ATAQUE, que define junto com os técnicos, a sequência de estratégias a serem executadas nas jogadas enquanto o jogo se desenrola. O jogador líder do time de ATAQUE é o "QUARTER BACK". Estamos agora prontos para comentar o jogo no contexto da cultura americana, mas estamos também chegando ao fim do espaço nesta coluna e a Lição#2. Os comentários serão os PENSAMENTOS da semana que vem, prometo, em uma Lição#3. Não percam, e boa semana a todos!

O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 02/2012 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 957 – 13/01/2012).

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