LUDWIG VAN BEETHOVEN |
“A QUINTA SINFONIA DE BEETHOVEN"
TA, TA, TA, TUUUUUM..... TA, TA, TA, TUUUUUM!
Essa pobre descrição onomatopáica dos acordes de abertura da Grande Quinta
Sinfonia do ainda maior compositor Alemão Ludwig van Beethoven será suficiente
para muitos dos meus leitores(as), tenho certeza., reconhecerem a melodia
associada a esses acordes em suas mentes, dado o poder extremo que essa obra
seminal vem exercendo em todos aquêles que têm o privilégio de ouvi-la, por um período de mais de DOIS Séculos. Ludwig van Beethoven
foi, sem dúvida, um dos maiores compositores de todos os tempos; nascido em 16
de Dezembro de 1770 na cidade de Bonn, na Alemanha, e falecido em 26 de Março
de 1827, portanto com apenas 56 anos de idade, e completamente surdo, na cidade
de Viena, na Áustria. A sua Sinfonia de No. 5, em Dó menor, Opus 67, carrega
consigo a responsabilidade de ser a peça de música erudita de maior
conhecimento popular de todos os tempos, na história da Música, e da nossa
civilização. Essa é a música que, ao lado da imagem nervosa, agitada, e
descabelada de Beethoven, veio a significar EXCELÊNCIA em termos musicais. Na
verdade, MUITAS pessoas só conhecem mesmo esses acordes de abertura que não
duram mais do que apenas alguns segundos, da mesma maneira que muitos só conseguem
se lembrar com certidão do detalhe apenas do sorriso da Mona Lisa, ou apenas do
primeiro verso dos Luzíadas, de Camões. É difícil imaginar como tão poucas
notas, dispostas de maneira tão simples, puderam se tornar tão enormemente
populares. Composta entre os anos de 1804 e 1808, esse trabalho monumental foi
apresentado pela primeira vez no Teatro de Viena em 22 de Dezembro de 1808, e
como sói acontecer com quase todos os trabalhos monumentais que desafiam o
desgaste dos tempos através dos séculos, não foi um sucesso de imediato, por
ter sido colocada em meio a um programa COLOSSAL, até para os padrões dos
concertos daquela época. O concerto durou mais de 4 horas, e um tal Príncipe
Lobkowitz da família real Austríaca que estava presente nesse concerto deixou a
seguinte nota a respeito: "Nós ficamos sentados lá das 18:30 às 22:30 em
um frio danado, e concluimos com aquela experiência que é possível algo ser
demasiado, ainda que seja muito, MUITO bom!" Naquele tempo Beethoven ainda
não era famoso, e não se sabia que aquela composição recente se tornaria a
música erudita mais popular de todos os tempos. Até personalidades famosas
contemporâneas de Beethoven, como o grande poeta e escritor Johann Wolfgang von
GOETHE (1749-1832), dizia admirar mas não compreender muito bem a música de
Beethoven. No último ano de vida do grande poeta, já ancião, outro grande
compositor Alemão Felix MENDELSSOHN Bartholdi tentava convencê-lo da grandeza
da música de Beethoven tocando a abertura da Quinta Sinfonia no piano junto ao
leito de morte do poeta, e êste repetia que achava a música intensa,
impressionante, grandiosa, mas que não sabia se moveria as massas como sua
poesia. Mal sabia êle que estava analisando a obra da única personalidade da
época que podia ser considerada sua igual, como os tempos viriam a
demonstrar. TA, TA, TA, TUUUUUM..... Beethoven uma vez
descreveu esses quatro naipes de abertura da Quinta Sinfonia como "O
Destino batendo em sua porta..." Os quatro naipes formam duas sequências
simples de três notas curtas (TA, TA, TA) seguidas por uma nota longa
(TUUUUUM), a primeira caindo de Sol para Mi-bemol, e a segunda de Fá para Ré,
estabelecendo logo no início da obra um conflito entre o desafio (Dó menor) e o
sucesso (Mi-bemol Maior), não dando ao ouvinte uma pista clara de qual será a
chave resolvida da Sinfonia. E os +/- 35 minutos que se seguem continuam a
apresentar o conflito em uma estrutura impressionantemente contínua, até que a
resolução aparece como uma surprêsa, em um brilhante Dó Maior representando não
só o sucesso (Mi-bemol Maior), mas a CONQUISTA do sucesso, que é levada até o
fim grandioso dessa maravilhosa Obra Sinfônica. Eu reconheço que a audiência
deste semanário não é, em sua maioria, muito chegada à música erudita, muito
provàvelmente pela falta de oportunidade de apreciá-la. Portanto seria legítimo
perguntar por que eu estou escrevendo um texto sôbre ela, e a resposta correta
é que eu quero proporcionar a todos vocês, leitores e leitoras, a chance de
compartilhar comigo a experiência incrível de ouvir essa obra monumental que é
a Quinta Sinfonia de Beethoven, nesta era quando a cultura no nosso Brasil
infelizmente anda tão degradada, desmerecida, e ridicularizada. Na terça-feira
desta semana eu tive o privilégio de comparecer ao Auditório da Orquestra
Sinfônica de Chicago e assistir essa GRANDE Orquestra, uma das melhores do
mundo, tocar a Quinta Sinfonia de Beethoven sob a regência do seu Diretor
Musical, o famoso Maestro Riccardo Mutti, um filho da Nápoles dos meus avós
Italianos, nas saias do Vesúvio, e às margens do Mar Mediterrâneo. O Maestro
Mutti também é o Regente Principal da Orquestra do Teatro LaScalla de Milão.
Propositalmente eu consegui um assento no chamado "Terrazzo" do
Auditório, que é um semi-círculo de poucos assentos localizados atrás do palco,
ou seja, atrás da Orquestra, e portanto de frente para o Maestro. Posso lhes
dizer por experiência própria que, além de ouvir a maravilhosa obra, poder
observar os trejeitos corporais do Maestro Mutti regendo-a foi algo sublime,
transcendental, difícil de expor em palavras. Espero que um dia vocês,
leitores, se ainda não tiveram, possam ter uma experiência similar. Mas até lá,
com a tecnologia dos CD's e DVD's e outros meios de gravação estando presentes
pràticamente em todas as suas casas, fica aqui o desafio. Obtenham, se ainda
não a possuirem, uma gravação da Sinfonia No 5 de Ludwig van Beethoven e a
ouçam, talvez pela primeira vez, talvez pela n-ésima vez, mas tenho certeza que
a experiência será diferente no contexto deste texto, e depois escrevam para
mim descrevendo o que sentiram. Se vocês estiverem lendo este artigo no meu
blog : www.pensamentoscs.blogspot.com
sigam o seguinte link:
para ouvir a Sinfonia
no seu computador. Eu ficarei muito feliz sabendo que os influenciei a
experimentar essa Obra Sinfônica Monumental com que Beethoven nos presenteou, e
que tem encantado a nossa civilização há dois séculos. Fico aguardando... Boa
semana a todos!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor
universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 23/2012 – Jornal da Região
– ANO XIX, No 979 - 22/06/2012).
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