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Herodoto Barbeiro |
bem... digamos... com outros fins! |
“E AGORA… DIGA PRA ELES, HERÓDOTO…”
Vários amigos têm me
perguntado: “Por que você transcreve textos de outros escritores em sua coluna?
Você escreve tão bem... deveria se ater aos seus textos!” Bem... primeiramente
quero agradecer isso que considero um elogio significativo, vindo de leitores
desinteressados em qualquer benefício próprio, com a intenção única de
encorajar o autor aqui a continuar escrevendo... essa é, de fato, a mola mestra
de qualquer colunista, e eu só posso esperar que a maioria dos meus leitores e
leitoras tenham a mesma opinião. Como dizem nos círculos literários, música
para os meus ouvidos... Mas a pergunta permanece, e eu me sinto na obrigação de
respondê-la: Por que eu transcrevo
textos de outros escritores em minha coluna...? Bem, lembro-me bem de um
professor e mentor importante dos tempos de Universidade, que dizia que há muito
valor em se dizer “Não sei” quando não se sabe algo, mas que, principalmente no
ambiente acadêmico, o valor é muito maior (e também o respeito...) se o “Não
sei” vem acompanhado com uma lista de pessoas importantes que também... “não
sabem”. Esse é o mesmo princípio por trás dos textos que eu transcrevo...
muitos dos meus textos focam opiniões de caráter nacional ou mesmo
internacional, e no frigir dos ovos, eu sou apenas um aposentado na pequena
comunidade Guaxupeana. Portanto quando eu vejo opiniões de pessoas de projeção
que concordam com as minhas, eu as transcrevo, no intúito de que o impacto em
vocês, leitores e leitoras, seja maior. E por isto, nesta semana, pensando nos
eventos globais que vem por aí (Copa do Mundo em 2014, e Olimpíadas em 2016),
transcrevo um texto irônico do jornalista, historiador, professor, e advogado
Brasileiro Heródoto Barbeiro: “Nothing to
Learn” (Nada a aprender). Não temos o que aprender com os Jogos Olímpicos de
Londres. Eles é que tem que aprender conosco. Não foram capazes de gastar toda
a verba que o governo destinou para as construções. Devolveram dinheiro para os
cofres públicos. São uns incompetentes, não sabem montar uma concorrência
pública de forma que ganha a empresa que pagar a maior propina. Não sabem
sequer identificar a empreiteira dos amigos, ou aquela que tem um bom caixa
dois para injetar dinheiro nas campanhas e no bolso de alguns. Ou a outra que
levou governador e esposa para passear em Paris. Os britânicos desconhecem o instituto do
aditivo, ou seja, daquelas novas exigências fictícias que proporcionam aumento
substanciais nos valores pagos. Têm muito a aprender e nada a ensinar. Nem
mesmo aquela história da pontualidade britânica. Ela é lesiva aos interesses
dos que querem levar algum. Entregaram os estádios e as obras de infraestrutura
antes do prazo. Um absurdo. Desta forma não dá para declarar emergência e
dispensar a licitação pública porque tudo ficou para a undécima hora. São uns
quadradões, orientados pelo Big Ben, e com isso não desenvolvem o jeitinho
brasileiro, uma das nossas instituições nacionais. É por isso que foram
ultrapassados por nós como a quinta maior economia do mundo. Os britânicos não
entendem nada de logística. Fecharam algumas faixas de tráfego, as lanes, para
que os veículos possam chegar nos lugares de competição ou nos centros de
imprensa. Um desperdício, pintaram as faixas com os anéis olímpicos e alertas
que só veículos credenciados podem passar. E os bobocas respeitam. Quem não
respeitou pagou uma multa de 130 libras, e nem foi na delegacia de trânsito
para alguém quebrar a multa. Não tem criatividade. Não conhecem aqueles carros
de polícia pirata, que compram equipamento e põem no carro e se disfarçam de
veículos oficiais. Todo mundo sai da frente, para que o pseudo policial passe.
Esses ingleses são mesmo um moleirões, não entendem nada de organização de
grande eventos. E não aprendem, já sediaram os Jogos Olímpicos três vezes. Até
o ônibus chega na hora, é uma chatice. Até permitiram que astros do basquete
americano usassem o metrô. Nem cuidar dos amigos sabem. O prefeito de Londres é
um bonachão. Tem cara de honesto, daqueles que a gente compraria uma bicicleta
usada. Talvez por isso a cidade tem muitos pontos com bicicletas públicas que
qualquer um pode alugar, usar e deixar em outro estacionamento. Ainda por cima
devolvem. Nem depenar uma bike eles sabem. O prefeito se desloca de metrô como
se fosse um mortal como outro qualquer, não sabe usar a importância do cargo
para desfilar com um carro oficial, com placa Executivo Municipal 001. Nem
isso. Motorista particular, batedores, puxa sacos de toda a espécie dão um
status melhor para quem governa uma cidade. Abrir mão disso é perder o respeito
da população acostumada a ver o alcaide com pompa e circunstância. Por essa e por outra, o Brasil não tem nada
que aprender com os britânicos em termos de organização de grandes eventos. Em
2016 vão poder aprender conosco. Pois
é, as coisas aqui caminham como se ninguém se desse conta da infraestrutura
necessária para anfitrionar bem eventos globais da magnitude de uma Copa do
Mundo, ou as Olimpíadas. Ou melhor, dá-se conta, mas não para anfitrionar bem,
mas para… para… bem… digamos, com outros fins. Em chegada recente do exterior
no aeroporto de Guarulhos em São Paulo, tive o infortúnio de ser um dos
passageiros de um dos três aviões internacionais Boeing 777 que aterrisaram
pràticamente juntos. Traduzindo isso em volume de pessoas para o serviço de
Contrôle de Imigração e Verificação de Passaportes prestado pela Polícia
Federal, entrega de bagagens, e Contrôle Alfandegário, são aproximadamente 1000
pessoas chegando cansadas de vôos longos. Isso foi suficiente para o aeroporto
virar um verdadeiro zoológico, com filas imensas para tudo, e uma morosidade no
serviço de irritar qualquer cristão. Será que alguém está se preocupando com a
infraestrutura que sera necessária para atender o volume de pessoas que será
causado por eventos da magnitude de uma Copa do Mundo, ou de uma Olimpíada??
Isso que eu narrei ocorreu no Aeroporto Internacional de São Paulo… e no resto
do Brasil…? E a infraestrutura de hotéis…? E o trânsito…? E a segurança dos
atletas e dos visitantes…? E o transporte entre os locais anfitriões dos vários
grupos da Copa…? E estacionamento nos estádios e em geral…? Será que alguém
está se preocupando com tudo isso…? Sei não… sei não… estamos há MENOS DE DOIS
ANOS da Copa do Mundo, e até agora só se ouve sobre construção e reforma de estádios.
Talvez devêssemos, de fato, aprender um pouco com os Americanos, que primam
pela gerência exemplar de eventos e/ou lugares com volumes enormes de
participantes ou visitantes, como experimentou quem já visitou o Disneyworld na
Flórida ou o Disneyland na Califórnia; ou aprender com os Ingleses, ao
contrário do que ironizou o Heródoto Barbeiro… alias, quem quiser ler mais
textos dele, e comentários dos leitores dele, vai aqui o endereço do seu blog:
Boa semana a todos!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor
universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 35/2012 – Jornal da Região
– ANO XIX, No 991 - 14/09/2012).
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