Reinaldo Azevedo |
“SUA VEZ, REINALDO…”
Várias
vezes no passado transcrevi nesta coluna textos do colunista de VEJA Reinaldo
Azevedo, por não sòmente julgá-lo um ótimo escritor, mas por concordar com
suas opiniões diretas e concisas. Volto a fazê-lo nesta coluna em um assunto
que sinceramente ME (com a licença do Reinaldo, NOS) tira do sério: as últimas
posições assumidas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com respeito ao
julgamento em andamento dos réus do mensalão pelo STF - Supremo Tribunal
Federal. Não satisfeito em ter presidido sôbre as gestões mais sujas e
corruptas da história do Brasil, o Sr. da Silva agora está se posicionando como
Juiz Máximo do circo em que êle transformou o Governo Federal, acima de
qualquer Lei da pátria, e de qualquer outro Brasileiro, usando de seu carisma
barato para tentar impedir que os réus condenados pelo STF sejam atirados na
cadeia, que é o único lugar justo para quem lesa o erário público e brinca
irresponsàvelmente com o dinheiro do sofrido povo brasileiro. E nesse posicionamento
atravessa até um de seus mais ferrenhos baluartes ideológicos, Frei Betto, que
também é meu colega colunista deste semanário. Mas “ouçamos” o Reinaldo, em
texto que foi publicado em seu blog (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo)
em 13/09 p.p. A fúria de Lula não poupa nem Frei Betto. Ou: Braveza de ex-presidente
vale como medalha de honra ao mérito para os ministros do STF Luiz Inácio Lula da Silva agora faz saber
aos seus que está mexendo os pauzinhos para evitar que os mensaleiros
condenados sejam presos. Fiquei cá a pensar com quais instrumentos opera esse
mago, e não consegui ver nenhum que não seja uma interferência indevida, ilegal
e subterrânea no Supremo. Como não dispõe de instrumentos institucionais para
fazer essa pressão, de quais outros disporia? Quando tentou intimidar Gilmar
Mendes, com uma chantagem sem lastro, deu-se mal. Teria ele condições de se dar
bem com outros? Com quais armas? Lula não se conforma com o fato de o Brasil ser uma
República. Considera-se o quarto Poder — acima dos outros Três, claro! — e vai,
assim, metendo os pés pelas mãos. Fiquei
sabendo de algo espantoso. O Apedeuta está bravo até com… Frei Betto! Sim, está
em litígio afetivo com esse notável pensador, que, à guisa de imaginar o
cruzamento entre o catolicismo e o comunismo, também delirou com uma transa
(falo sério!) entre Santa Tereza D’Ávila e Che Guevara, o “Porco Fedorento”. E
por que a zanga com Frei Betto? Porque foi o primeiro que lhe falou de um certo
Joaquim Barbosa para o Supremo. Lula não
estava em busca de um ministro propriamente, mas de um elemento de propaganda.
O fato de Barbosa ser negro se lhe afigurou mais importante do que o de ter
credenciais, como tem, para assumir o posto. O Apedeuta esperava “fidelidade”
daqueles que foram por ele indicados para o STF. E esperava ainda mais de
Barbosa. No íntimo, deve achar que fez uma grande concessão. Ou por outra: o Babalorixá de Banânia não indicou um negro
por “zelo de justiça”, como escreveu Padre Vieira, mas por concupiscência
politicamente correta. O próprio ministro percebeu isso e afirmou, certa feita,
numa entrevista, que esperavam na corte um “negro submisso”. Indaguei, então, a
quem estava se referindo; incitei-o a dar o nome desse sujeito indeterminado.
Agora já sei. A própria figura de Barbosa, já
apontei aqui, passou por uma drástica mudança naquele submundo da Internet
alimentado com dinheiro público. De herói, passou a vilão; de primeiro negro a
chegar ao Supremo como evidência da superioridade moral do PT, passou a ser o
“negão ingrato”, que cospe na mão de que lhe garantiu tão alta distinção. Sob o
pretexto de combater o racismo, esperava-se um… negro submisso!!! Barbosa,
convenha-se, está dando uma resposta e tanto à má consciência. Já discordei muitas vezes do ministro — e o arquivo está aí
para prová-lo. Mas nunca ataquei a sua altivez. Altivez que deve ter não porque
negro (essa qualidade não tem cor), mas porque ministro do Supremo. Lula também
está bravo com outros. Não julgava estar indicando ministros, mas vassalos; não
escolhia nomes para a mais alta corte do país, mas procuradores de um projeto
de poder. Por isso anda por aí dando murro na mesa, inconformado com a
“ingratidão”. Em meio a tantos males, o
mensalão fez ao menos um grande bem ao país: despertou-nos para a existência de
uma corte suprema. Os deputados são 513. Os senadores são 81. Ministros de
estado, especialmente na era petista, os há a perder de vista. Mas só 11 homens
e mulheres na República podem sentar naquelas cadeiras. Agora, a sociedade já os descobriu. E espera que façam
justiça. Um deles, dia desses, foi vaiado por um grupo num aeroporto. Não era
uma horda de militantes fardados, de camisas-negras ou de camisas-vermelhas.
Eram brasileiros que trabalham, que estudam, que repassam ao Estado, também à
Justiça, boa parte dos seus rendimentos. E que cobram dos ministros decoro,
decência e coerência.Lula está bravo com Joaquim e com outros “ingratos”? Vale
por uma medalha de honra ao mérito. É realmente
inconcebível que um ex-presidente da República enverede por esses caminhos
espúrios, tentando defender o indefensável. Na verdade começa a ficar claro
para o povo que “o rei está ficando nu”... aquela imagem do bonzinho que não
sabe de nada está caindo por terra pelas suas próprias posições, e por
declarações, documentos, filminhos, guardados em cofres pelos indiciados como
dispositivos de segurança contra possíveis ações judiciais. A regra é : “Se eu
cair, publico meus dispositivos de segurança, e levo meio-mundo comigo...” .
Sujeira em cima de sujeira! O Presidente do PT, Rui Falcão, diz que esse
julgamento dos réus do mensalão é “a elite suja que não suporta admitir que um
operário tenha mudado este país...” Mudou sim, para PIOR.... MUITO PIOR... enterrou
o Brasil em um lamaçal profundo e interminável, do qual a saída poderá levar
uma geração, desde que demos o primeiro passo, cuja oportunidade, perdida em
2010, se aproxima novamente em 7 de Outubro próximo. Há panfletos sendo
distribuidos na cidade em que vemos políticos ladeados, entre outros, pelo Sr.
da Silva. Talvez êles ou elas devam se lembrar do velho ditado: “Diga-me com
quem andas, e te direi quem és...”. E agora que “o rei está nu”, eu não
acredito que a maioria do povo brasileiro INFORMADO também esteja. A pergunta
que estará diante dos eleitores nas urnas é a seguinte: “Você, eleitor ou
eleitora, quer ter orgulho ou vergonha de ser Brasileiro(a)? Decida, e vote de
acordo”. Eu tenho fé e aposto que a resposta será “orgulho”. 7 de Outubro irá
dizer... Boa semana a todos!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor
universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 36/2012 – Jornal da Região
– ANO XIX, No 992 - 21/09/2012).
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