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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

MAIS UMA NO PAÍS DAS ARÁBIAS...



A inauguração de um quase-naufrágio...


"MAIS UMA NO PAÍS DAS ARÁBIAS..."

Recebi recentemente de um colega de turma da "Veneranda" Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, onde me formei Engenheiro nos idos de 1971 (41 anos... meu Deus... onde foi o tempo...?) uma notícia que foi publicada pela repórter Júlia Rodrigues em 30 de Março deste ano na sessão O PAÍS QUER SABER da Revista VEJA, comentada no blog do colunista de VEJA Augusto Nunes, intitulada "Depois do trem bala invisível, o governo inventa o navio que não navega..." Transcrevo o texto a seguir: "Em 7 de maio de 2010, ao lado da sucessora que escolhera e do governador pernambucano Eduardo Campos, o presidente Lula estrelou no Porto de Suape um comício convocado para festejar muito mais que o lançamento de um navio: primeiro a ser construído no país em 14 anos, o petroleiro João Cândido fora promovido a símbolo da ressurreição da indústria naval brasileira. Produzida pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), incorporada ao Programa de Modernização e Expansão de Frota da Transpetro (Promef) e incluída no ranking das proezas históricas do PAC, a embarcação com 274 metros de comprimento e capacidade para carregar até um milhão de barris de petróleo havia consumido a bolada de R$ 336 milhões - o dobro do valor orçado no mercado internacional. Destacavam-se na platéia operários enfeitados com adesivos que registravam sua participação no parto de mais uma façanha do Brasil Maravilha. Seria uma festa perfeita se o colosso batizado em homenagem ao marinheiro que liderou em 1910 a Revolta da Chibata não tivesse colidido com a pressa dos políticos e a incompetência dos técnicos. Assim que o comício terminou, o petroleiro foi recolhido ao estaleiro antes que afundasse - e nunca mais tentou flutuar na superfície do Atlântico. O vistoso casco do João Cândido camuflava soldas defeituosas e tubulações que não se encaixavam, além de um rombo cujas dimensões prenunciavam o desastre iminente. Se permanecesse mais meia hora no mar, Lula seria transformado no primeiro presidente a inaugurar um naufrágio. Estacionado no litoral pernambucano desde o dia do nascimento, nem por isso o navio deixou de percorrer o país inteiro. Durante a campanha presidencial, transportado pela imaginação da candidata Dilma Rousseff, fez escala em todos os palanques e foi apresentado ao eleitorado como mais uma realização da supergerente que Lula inventou. A assessoria de imprensa da Transpetro se limita a informar que não sabe quando o João Cândido vai navegar de verdade. O Estaleiro Atlântico Sul, criado com dinheiro dos pagadores de impostos, não tem nada a dizer. Nem sobre o petroleiro avariado nem sobre os outros 21 encomendados pelo governo. No fim de 2011, o EAS adiou pela terceira vez a entrega do navio. A Petrobrás, que controla a Transpetro, alegou que os defeitos de fabricação só podem ser consertados no exterior (!?!?!?!). Quando o presidente era Nilo Peçanha, João Cândido comandou uma rebelião que exigia a abolição dos castigos físicos impostos aos marinheiros. Passados 102 anos, Dilma e Lula resolveram castigá-lo moralmente com a associaçãode seu nome a outro espanto da Era da Mediocridade: depois do trem-bala invisível, o governo inventou o navio que não navega." No dia seguinte (31 de Março), o próprio Augusto Nunes escreveu, em meio ao seu comentário sôbre o assunto: "... O navio que tem medo do mar é a prova mais imponente de que o governo Lula-Dilma bate qualquer recorde de inépcia quando se mete em algo que tenha alguma coisa a ver com água. Nesta quarta-feira, por exemplo, auditores do Tribunal de Contas da União localizaram outra enxurrada de patifarias e pilantragens nos canteiros de obras semidesertos da transposição das águas do Rio São Francisco. No dia em que a inspeção foi autorizada, um dos lotes da maior promessa do PAC estava orçado em R$ 693 milhões. Semanas mais tarde, quando os fiscais apareceram por lá, a parceria entre empresas especializadas em superfaturamento e a turma em ação no Ministério da Integração Nacional já subira a conta para R$ 720 milhões... " Nessas alturas vocês, leitores e leitoras, devem estar se perguntando: "mas por que o Spiguel resolveu publicar essas coisas esta semana...?" Bem, porque esses fatos patéticos não me atingem sòmente como Brasileiro, ao ver o dinheiro público, proveniente dos impostos pagos por vocês e por mim através da taxa tributária mais alta do mundo, gerenciado com tamanho pouco caso e desonestidade pelos mandantes PTistas, mas também como profissional. Pois ocorre que a minha formação na "Veneranda" EPUSP - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo foi em Engenharia NAVAL, no tempo em que o ensino de Engenharia neste país era sério. Detentor de dois títulos, o de Engenheiro Naval - Máquinas e Motores, e o de Engenheiro Naval - Estruturas, participei da criação da Divisão de Engenharia Naval do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, e fui Professor do 5o Ano do Curso de Engenharia Naval da EPUSP até 1975. Posso lhesgarantir que naquela época o FIASCO relatado acima não teria acontecido, pois éramos sérios no que fazíamos, em conjunto com o ETCN - Escritório Técnico de Construção Naval, da Marinha Brasileira. Estudávamos Resistência dos Materiais Soldados com o grande Professor Célio Taniguchi, e mantínhamos convênios de intercâmbio com a Universidade de Newcastle, na Inglaterra, e o MIT - "Massachusetts Institute of Technology", nos Estados Unidos, duas das mais renomadas escolas de Engenharia no mundo. Hoje nos deparamos todos os dias com formandos em Engenharia que não sabem somar frações. Médicos que se formam em "Universidades" que não possuem hospitais para treinamento, e não têm capacidade nem para serem admitidos para fazer residência em Hospitais respeitados. Advogados de "porta de forum", que só fazem encorajar os incautos a se aproveitar do próximo, característica nefasta da cultura brasileira. O que será que pretendem os mandantes em Brasília com essa política de educação massificada? De que adianta esse monte de "Universidades" de fundo de quintal, que só se preocupam com a quantidade, e não com a qualidade dos profissionais que formam, despejando um bando de incompetentes no mercado de trabalho? Um país nada mais é do que a somatória do que realizam os seus cidadãos. Não há futuro para um país de incompetentes, liderado por gente que, além de incompetente, se vangloria de não ter educação. Asalternativas mais imediatas de um incompetente para o sucesso são a desonestidade, a falta de ética, e a amoralidade. Será que há conexão entre o nível de incompetência a que chegamos e o mar de lama que assolou o Brasil nosúltimos 10 anos? Essa é para vocês, leitores e leitoras, pensarem em casa... Boa semana a todos.
                     
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mailclaudio.spiguel@gmail.com). 
(PENSAMENTOS No 46/2012 – Jornal da Região – ANO XIX, No 1002 - 30/11/2012).

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