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quarta-feira, 10 de abril de 2013

A DAMA DE FERRO








"A DAMA DE FERRO"

Esta semana faleceu na Inglaterra a ex-Primeira Ministra Inglesa MARGARET THATCHER, aos 87 anos de idade, vítima de um derrame. Conhecida como A DAMA DE FERRO (“Iron Lady”), apelido dado a ela pelo último líder da extinta União Soviética, Mikhail Gorbatchev, com quem ela estabeleceu um relacionamento sólido de respeito mútuo, o qual, complementado em um triunvirato com o então Presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, é visto historicamente como a base política que viabilizou o desmoronamento da União Soviética.
Chegando a Primeira-Ministra em uma época na qual mulheres não ocupavam posições políticas de liderança, ainda mais em uma potência mundial como a Inglaterra, Thatcher foi um exemplo para a raça humana em muitas frentes, uma das quais, suas convicções políticas ferrenhamente baseadas em uma economia de mercado livre e minima intervenção do estado, motiva este autor a publicar este texto como um farol na escuridão perigosa das políticas socialistas que hoje dominam o espaço politico brasileiro.
Algumas partes do texto que se segue são traduções comentadas de um texto publicado no blog do “The Economist” (www.economist.com/blogs), de inteira responsabilidade deste autor.
Apenas uns poucos líderes politicos em tempos de paz podem se vangloriar de terem mudado o mundo. Margaret Thatcher foi um deles. Ela transformou não só o seu Partido Conservador (“Tory Party”), mas o TODO da Política Britânica. Seu entusiasmo pela privatização lançou uma revolução global, e sua tenacidade para enfrentar qualquer tipo de tirania, ajudou a fazer ruir a União Soviética. Winston Churchill ganhou uma guerra, a II Guerra Mundial, mas nunca criou um “ISMO”; não se fala de um “ChruchillISMO. Já Thatcher criou o que hoje é conhecido como “ThatcherISMO”, cuja essência é a oposição ao “o que é certo só porque sempre foi”, e a aposta incondicionável na liberdade, individual, e de mercado.
Isso, às vezes, parecia até paradoxal, desde que Thatcher era uma controladora ferrenha, e tinha a imagem de ser o supra-sumo do Conservadorismo. Ela pregava que as nações só se tornariam potências se seus cidadãos gozassem de plena liberdade. Suas convicções tinham o seguinte tema: “A LIBERDADE DOS INDIVÍDUOS EM REGEREM SUAS PRÓPRIAS VIDAS, LIVRES O MAIS POSSÍVEL DE QUALQUER INTERVENÇÃO DO ESTADO”.
Os paradoxos aparentes, alias, são muitos: Thatcher cresceu dentro da ala do partido (“Blue Tory”) que o marginalizou por uma geração. Por isso o partido chegou até a deixar de ser um partido de âmbito nacional, restringindo-se ao sul da Grã-Bretanha, e praticamente desaparecendo da Escócia, do País de Gales, e das cidades no norte. O opositor Primeiro-Ministro Tony Blair (“Labor Party” – Partido dos Trabalhadores) lucrou muito mais com o Thatcherismo do que o sucessor de Thatcher, Primeiro-Ministro John Major (“Tory”). Com as Uniões Trabalhistas enfraquecidas, e a esquerda completamente desacreditada, Blair conseguiu remodelar o seu partido e popularizá-lo com sucesso à classe media. Sua maioria esmagadora em 1997 lançou 13 anos de domínio politico que veio a ser conhecido como o “Novo Partido dos Trabalhadores”.
Esse domínio, no entanto, nunca nem sonhou em ignorar o progresso alcançado por Thatcher, e voltar ao velho esquema esquerdista das nacionalizações das indústrias e de poderio ilimitado das Uniões Trabalhistas. Declarava Blair: “A hipótese deve ser que a atividade econômica é melhor sucedida quando deixada nas mãos do setor privado”. Thatcher com seu Thatcherismo conseguiu reverter o chamado “efeito catraca”, segundo o qual o estado era recompensado pelas suas falhas com MAIS poder (qualquer semelhança com a situação atual da política brasileira NÃO é mera coincidência…).
No cenário mundial Thatcher foi também enormemente influente. Sua certeza ideológica já descrita, associada à sua proeminência global, assegurou a influência da Inglaterra no desmoronamento da então União Soviética. Thatcher foi a primeira líder desde Churchill a ser levada a sério pelas lideranças de todas as  potências globais, principalmente os Estados Unidos, e a União Soviética. Ela era tida como uma heroína pelos líderes politicos oposicionistas do Leste Europeu. Seu posicionamento “ombro a ombro” com o “dear Ronnie”, como ela chamava o Presidente Ronald Reagan, no bloqueio do expansionismo soviético ajudou até a promover novos pensamentos no Kremlin, que levariam à Perestroika de Gorbatchev. E a sua insistência de que Gorbatchev era um homem com o qual os países do Oeste poderiam negociar e em quem poderiam confiar, ajudou a acabar com a chamada “guerra fria” entre as super-potências.
Os países que emergiram no mundo pós-comunismo abraçaram totalmente o Thatcherismo. Até 1996 a Rússia havia privatizado 18.000 companias industriais. A Índia desmantelou o Licenciamento Raj – uma reminiscência do Fabianismo britânico – e uma cascata de companias bem sucedidas foi lançada. Na América Latina, vários governos adotaram a liberação dos mercados, aspirando ao modelo britânico.
Hoje, no entanto, o pêndulo parece estar perigosamente pendendo para o outro lado, para longe do Thatcherismo. Em grande parte do primeiro mundo, a participação do estado na economia vem aumentando significativamente em anos recentes. Regulamentações, às vezes necessárias mas muitas vezes excessivas, estão sufocando o setor privado. O escrutínio sobre executivos atinge níveis nunca vistos anteriormente. Há demonstrações contra até a existência do serviço bancário. E com a emergência da China, controle do estado, e não  liberalismo econômico, é o modelo sugerido para países emergentes.
Para um mundo que cresce a passos largos, essa pode ser a direção errada a tomar. A Europa nunca voltará a progredir a não ser que seus mercados sejam liberados. A América corre o risco de sufocar sua recuperação econômica se não evitar regulamentação em excesso. A China não conseguirá sustentar a sua progressão recente se não iniciar a liberação de seus mercados. No mundo veloz de hoje, o conceito central e básico da filosofia de Margaret Thatcher – que nações só conseguem progredir quando seu povo resiste ao crescimento e avanço indevido do estado sobre a economia, sufocando o setor privado – pode ser a única avenida, desde que o preço a pagar por trafegar no caminho errado pode ser proibitivo.
Deixo a vocês, leitores e leitoras, a conclusão do que acontece hoje no nosso Brasil, à luz do conteúdo desta coluna, lembrando que um preço proibitivo significa que é necessário voltar antes que se atinja um ponto sem retorno. E, a respeito, disse Margaret Thatcher: “O problema do comunismo / socialismo, é que o dinheiro dos outros acaba…”.

Ronald Millar, que escrevia discursos para a Primeira –Ministra Margaret Thatcher disse, comentando sobre ela: “Margaret Thatcher invocava sentimentos extremos… para alguns, ela nunca faria nada certo… para outros, nunca faria nada errado. Mas indiferença nunca era uma opção para quem interagia com ela. Ela podia provocar quase hostilidade física em pessoas normalmente racionais, e ao mesmo tempo, incitar devoções imortais em outras pessoas.”
Descanse em paz, Margaret Thatcher, e continue sendo um exemplo de liderança, auto-confiança, e obstinação para as mulheres, e principalmente as meninas, deste nosso mundo.  Quem dera tivéssemos uma DAMA DE FERRO para nos liderar no caminho certo. Boa semana a todos.
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 14/2013 – Jornal da Região – ANO XIX, No 1020 12/04/2013).

Um comentário:

  1. Aos meus Companheiros(as) Rotarianos(as) que assessam este blog, adiciono que Margaret Thatcher era Rotariana Honoraria do Rotary Club de Londres, e uma grande admiradora do movimento Rotario.

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