"A
DAMA DE FERRO"
Esta semana
faleceu na Inglaterra a ex-Primeira Ministra Inglesa MARGARET THATCHER, aos 87
anos de idade, vítima de um derrame. Conhecida como A DAMA DE FERRO (“Iron Lady”),
apelido dado a ela pelo último líder da extinta União Soviética, Mikhail
Gorbatchev, com quem ela estabeleceu um relacionamento sólido de respeito
mútuo, o qual, complementado em um triunvirato com o então Presidente dos
Estados Unidos, Ronald Reagan, é visto historicamente como a base política que viabilizou
o desmoronamento da União Soviética.
Chegando a Primeira-Ministra em uma época
na qual mulheres não ocupavam posições políticas de liderança, ainda mais em
uma potência mundial como a Inglaterra, Thatcher foi um exemplo para a raça
humana em muitas frentes, uma das quais, suas convicções políticas
ferrenhamente baseadas em uma economia de mercado livre e minima intervenção do
estado, motiva este autor a publicar este texto como um farol na escuridão perigosa
das políticas socialistas que hoje dominam o espaço politico brasileiro.
Algumas partes do texto que se segue são traduções comentadas de um texto
publicado no blog do “The Economist” (www.economist.com/blogs),
de inteira responsabilidade deste autor.
Apenas uns poucos líderes politicos em
tempos de paz podem se vangloriar de terem mudado o mundo. Margaret Thatcher
foi um deles. Ela transformou não só o seu Partido Conservador (“Tory Party”),
mas o TODO da Política Britânica. Seu entusiasmo pela privatização lançou uma
revolução global, e sua tenacidade para enfrentar qualquer tipo de tirania,
ajudou a fazer ruir a União Soviética. Winston Churchill ganhou uma guerra, a
II Guerra Mundial, mas nunca criou um “ISMO”; não se fala de um “ChruchillISMO.
Já Thatcher criou o que hoje é conhecido como “ThatcherISMO”, cuja essência é a
oposição ao “o que é certo só porque sempre foi”, e a aposta incondicionável na
liberdade, individual, e de mercado.
Isso, às vezes, parecia até paradoxal,
desde que Thatcher era uma controladora ferrenha, e tinha a imagem de ser o
supra-sumo do Conservadorismo. Ela pregava que as nações só se tornariam
potências se seus cidadãos gozassem de plena liberdade. Suas convicções tinham
o seguinte tema: “A LIBERDADE DOS INDIVÍDUOS EM REGEREM SUAS PRÓPRIAS VIDAS, LIVRES
O MAIS POSSÍVEL DE QUALQUER INTERVENÇÃO DO ESTADO”.
Os paradoxos aparentes, alias,
são muitos: Thatcher cresceu dentro da ala do partido (“Blue Tory”) que o
marginalizou por uma geração. Por isso o partido chegou até a deixar de ser um
partido de âmbito nacional, restringindo-se ao sul da Grã-Bretanha, e
praticamente desaparecendo da Escócia, do País de Gales, e das cidades no
norte. O opositor Primeiro-Ministro Tony Blair (“Labor Party” – Partido dos
Trabalhadores) lucrou muito mais com o Thatcherismo do que o sucessor de
Thatcher, Primeiro-Ministro John Major (“Tory”). Com as Uniões Trabalhistas
enfraquecidas, e a esquerda completamente desacreditada, Blair conseguiu remodelar
o seu partido e popularizá-lo com sucesso à classe media. Sua maioria
esmagadora em 1997 lançou 13 anos de domínio politico que veio a ser conhecido
como o “Novo Partido dos Trabalhadores”.
Esse domínio, no entanto, nunca nem
sonhou em ignorar o progresso alcançado por Thatcher, e voltar ao velho esquema
esquerdista das nacionalizações das indústrias e de poderio ilimitado das
Uniões Trabalhistas. Declarava Blair: “A hipótese deve ser que a atividade
econômica é melhor sucedida quando deixada nas mãos do setor privado”. Thatcher
com seu Thatcherismo conseguiu reverter o chamado “efeito catraca”, segundo o
qual o estado era recompensado pelas suas falhas com MAIS poder (qualquer
semelhança com a situação atual da política brasileira NÃO é mera coincidência…).
No cenário mundial Thatcher foi também enormemente influente. Sua certeza ideológica
já descrita, associada à sua proeminência global, assegurou a influência da
Inglaterra no desmoronamento da então União Soviética. Thatcher foi a primeira
líder desde Churchill a ser levada a sério pelas lideranças de todas as potências globais, principalmente os Estados
Unidos, e a União Soviética. Ela era tida como uma heroína pelos líderes politicos
oposicionistas do Leste Europeu. Seu posicionamento “ombro a ombro” com o “dear
Ronnie”, como ela chamava o Presidente Ronald Reagan, no bloqueio do
expansionismo soviético ajudou até a promover novos pensamentos no Kremlin, que
levariam à Perestroika de Gorbatchev. E a sua insistência de que Gorbatchev era
um homem com o qual os países do Oeste poderiam negociar e em quem poderiam
confiar, ajudou a acabar com a chamada “guerra fria” entre as super-potências.
Os países que emergiram no mundo pós-comunismo abraçaram totalmente o
Thatcherismo. Até 1996 a Rússia havia privatizado 18.000 companias industriais.
A Índia desmantelou o Licenciamento Raj – uma reminiscência do Fabianismo
britânico – e uma cascata de companias bem sucedidas foi lançada. Na América
Latina, vários governos adotaram a liberação dos mercados, aspirando ao modelo
britânico.
Hoje, no entanto, o pêndulo parece estar perigosamente pendendo para
o outro lado, para longe do Thatcherismo. Em grande parte do primeiro mundo, a
participação do estado na economia vem aumentando significativamente em anos
recentes. Regulamentações, às vezes necessárias mas muitas vezes excessivas,
estão sufocando o setor privado. O escrutínio sobre executivos atinge níveis
nunca vistos anteriormente. Há demonstrações contra até a existência do serviço
bancário. E com a emergência da China, controle do estado, e não liberalismo econômico, é o modelo sugerido
para países emergentes.
Para um mundo que cresce a passos largos, essa pode ser
a direção errada a tomar. A Europa nunca voltará a progredir a não ser que seus
mercados sejam liberados. A América corre o risco de sufocar sua recuperação
econômica se não evitar regulamentação em excesso. A China não conseguirá
sustentar a sua progressão recente se não iniciar a liberação de seus mercados.
No mundo veloz de hoje, o conceito central e básico da filosofia de Margaret
Thatcher – que nações só conseguem progredir quando seu povo resiste ao
crescimento e avanço indevido do estado sobre a economia, sufocando o setor
privado – pode ser a única avenida, desde que o preço a pagar por trafegar no
caminho errado pode ser proibitivo.
Deixo a vocês, leitores e leitoras, a
conclusão do que acontece hoje no nosso Brasil, à luz do conteúdo desta coluna,
lembrando que um preço proibitivo significa que é necessário voltar antes que
se atinja um ponto sem retorno. E, a respeito,
disse Margaret Thatcher: “O problema do comunismo / socialismo, é que o
dinheiro dos outros acaba…”.
Ronald Millar, que escrevia discursos para a Primeira –Ministra Margaret Thatcher disse, comentando sobre ela: “Margaret Thatcher invocava sentimentos extremos… para alguns, ela nunca faria nada certo… para outros, nunca faria nada errado. Mas indiferença nunca era uma opção para quem interagia com ela. Ela podia provocar quase hostilidade física em pessoas normalmente racionais, e ao mesmo tempo, incitar devoções imortais em outras pessoas.”
Ronald Millar, que escrevia discursos para a Primeira –Ministra Margaret Thatcher disse, comentando sobre ela: “Margaret Thatcher invocava sentimentos extremos… para alguns, ela nunca faria nada certo… para outros, nunca faria nada errado. Mas indiferença nunca era uma opção para quem interagia com ela. Ela podia provocar quase hostilidade física em pessoas normalmente racionais, e ao mesmo tempo, incitar devoções imortais em outras pessoas.”
Descanse em paz, Margaret Thatcher, e continue sendo um exemplo de
liderança, auto-confiança, e obstinação para as mulheres, e principalmente as
meninas, deste nosso mundo. Quem dera
tivéssemos uma DAMA DE FERRO para nos liderar no caminho certo. Boa semana a
todos.
O autor é engenheiro, doutor em ciência da
computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 14/2013 – Jornal da Região – ANO XIX, No 1020
– 12/04/2013).
Aos meus Companheiros(as) Rotarianos(as) que assessam este blog, adiciono que Margaret Thatcher era Rotariana Honoraria do Rotary Club de Londres, e uma grande admiradora do movimento Rotario.
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