Cena do Protesto na Av. Paulista |
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“O REI ESTÁ FICANDO NU!”
Na semana passada falei nesta coluna
sobre o investimento sofrível do governo federal na infraestrutura do nosso
Brasil, e as consequências nefastas disso que já começam a se mostrar nos
projetos de grande envergadura que dela dependem. Se o investimento interno é
incipiente, então resta contar com o investimento externo que, na última
década, vinha se apresentando em níveis razoáveis, resultado de imagens falsas
e promessas vazias de um governo de muita fachada e pouco lastro. Diz o dito
popular que talvez consiga-se enganar muita gente por pouco tempo, ou pouca
gente por muito tempo, mas ninguém consegue enganar muita gente por muito
tempo, portanto os desmandos da nossa cúpula em Brasília estão agora minando o
investimento externo também. A reporter Bruna Maia publicou na Revista Capital
Aberto deste mês de Maio (Ano 2, # 14) um artigo sob o sugestivo título “Bye,
bye, Brasil” (http://www.capitalaberto.com/english/ler_artigo.php?pag=7&sec=105&i=3886)
no qual ela explica bem o que está acontecendo com o investimento externo.
Passo a traduzir alguns trechos desse artigo que julgo relevantes para o tema,
afirmando para os leitores e leitoras que tal tradução é de total
responsabilidade deste autor: “Bye, bye, Brasil – Mercados de países
vizinhos estão se tornando mais atrativos para os investidores estrangeiros: Chegou-se
a acreditar, no passado, que o México seria o ator principal na economia da América
Latina na primeira década do Século XXI. Porém, sem muito esforço, o Brasil
parece ter ocupado esse espaço, pelo menos até agora, com uma economia
aparentemente robusta e dinâmica. O país parecia que reinaria absoluto no Sul
do Continente, até que no fim do ano passado de 2012 essa supremacia começou a
se diluir. De acordo com dados da EPFR, uma compania especializada na análise
de fluxos de investimento, a porcentagem investida no país dos fundos de
capital dos mercados emergentes caiu de 16,7% no fim de 2009, para 11,6% em
Novembro do ano passado, o nível mais baixo desde 2005. Desde então, esses
números continuam desapontantes; em 19 de Abril próximo passado a parcela dos
fundos de capital internacionais dedicada ao Brasil apresentou sua oitava semana
consecutiva de declínio, publicou a EPFR. Disse Will Landers, Diretor para a
América Latina do Fundo BlackRock: “O Brasil tem desapontado…” E o foco
principal do criticismo dos investidores estrangeiros é o Governo Brasileiro.
Embora o discurso do Governo seja que é preciso melhorar o ambiente de
investimento para os investidores estrangeiros, medidas recentes tomadas pela
Presidente Dilma Rousseff produzem exatamente o contrário. Farida Khambata, uma
analista da empresa de investimento Cartica Capital, cita como exemplo dessa
contradição o reajuste do preço da energia elétrica. Enquanto as regras de
renovação de concessões reduziram, de fato, o preço da energia elétrica, com o
objetivo de tornar mais competitiva a indústria doméstica, na verdade essa diretriz
eliminou 20 Bilhões de Dólares no valor de Mercado das companias que operam no
setor de energia, devido a alterações abruptas nas hipóteses que formam a base
para as previsões dos analistas. Essa queda foi responsável por uma fuga dos
investidores do Mercado de ações. Em Setembro de 2012, mês em que o Decreto
Provisional MP 579 foi emitido, o saldo
de investimentos estrangeiros no BOVESPA era de 4,17 Bilhões de Reais (~2,05
Bilhões de Dólares), e até 22 de Abril deste ano esse indicador caiu para 1,04
Bilhões de Reais (500 Milhões de Dólares). Disse Farida: “Hoje em dia os
investidores estrangeiros estão exigindo um prêmio com base no risco muito mais
alto do que exigiam há alguns anos atrás”. A gerente estrategista tem uma
impressão pessimista da evolução da economia brasileira: “O crescimento a curto
prazo do PIB gerará inflação, e uma alta consequente na taxa SELIC (Sistema
Especial de Liquidação e de Custódia), canalizando dinheiro que poderia ir para
o mercado de ações para a emissão de Títulos Públicos”. Baseado em tais
perspectivas, a Cartica Capital, que já tem 40 Milhões de Dólares investidos no
Brasil, decidiu, por enquanto, não aumentar o nível desse investimento. A
desaceleração econômica da China, que é o maior alvo das exportações das “commodities”
brasileiras, também está influenciando a situação econômica. O PIB chines
cresceu 7,8% em 2012, a taxa mais baixa dos últimos 13 anos. “A explosão das “commodities”,
que foi o dínamo da economia brasileira por muitos anos, se esvaneceu”, disse a
estrategista da Cartica Capital. Uma China mais exitante significa que o
gigante Sul-americano necessita de fortalecer sua economia doméstica. E “hoje,
as companias brasileiras estão longe de atingir os ganhos de produtividade
exigidos por esse novo desafio”, diz Claudia Calich, diretora de insumos fixos
para o fundo de investimento Americano Invesco. Segundo ela, é necessário
“desatar os velhos nós que vêm amarrando o crescimento da economia: A IMENSA
CARGA TRIBUTÁRIA, A INFRAESTRUTURA DEFICIENTE, E A BUROCRACIA EXCESSIVA.”
Segundo Farida, “o México está fazendo um trabalho muito melhor no que diz
respeito a esses ítens. Enquanto o Brasil está se mostrando cada vez mais
PROTECIONISTA, e PROCRASTINANDO na execução das reformas necessárias!” A
economia Mexicana é uma candidata séria a derrubar o Brasil do primeiro lugar
no podium dos investimentos da América Latina em alguns anos. O custo de
produção já é bem mais baixo lá, e enquanto a carga tributária brasileira gira
em torno de 36% do PIB, a Mexicana é um pouco menor do que 20%. Em 2012, o PIB
mexicano cresceu 3,9%, ao passo que o brasileiro só cresceu 0,9%. Um outro país
que ameaça a posição brasileira é o Chile, que tem uma carga tributária que é A
METADE DA DO BRASIL. A economia Chilena cresceu 5,9% em 2011 e 5,6% em 2012. O
desemprego gira em torno de 6%, e, ao contrário do Brasil, tem a inflação sob
controle; no ano passado os preços aos consumidores cresceram 2,2% no Chile,
enquanto cresceram 5,6% no Brasil. A nação Andina é considerada no Mercado internacional
como uma economia madura, e politicamente estável, aberta amigavelmente a
investimentos estrangeiros e atração de novos negócios. Segundo Landers, da
BlackRock, em comparação com o Brasil, a posição MENOS INTERVENCIONISTA do
México, Chile, Peru, e Colombia, está atraindo mais a atenção, e levantando o
interêsse do capital estrangeiro…. Um dos maiores problemas brasileiros é o
estado DEPLORÁVEL de suas estradas, portos, e aeroportos, o que aumenta
drasticamente a um nível proibitivo o seu custo de produção. A Presidente Dilma
continua só falando que é necessário diminuir o “custo Brasil” e melhorar a
infraestrutura, enquanto seus vizinhos já estão trabalhando nisso há tempo!...
Uma pesquisa recente publicada pela firma de consultoria EC Harris avaliou o
investimento em infraestrutura de 40 países considerados emergentes: o Brasil
ficou em 30o lugar, enquanto o México ficou em 25o e o
Chile em 10o… O Brasil também vai mal no índice do Banco Mundial que
mede a facilidade de se fazer negócios: em 185 países, o Brasil ocupa a 130a
posição, enquanto Chile, Peru, Colombia, e México aparecem nas 37a,
43a, 45a, e 48a posições, respectivamente.” Espero que esteja
ficando claro aos meus leitores e leitoras que dirigir um gigante como o Brasil
não é tarefa para incompetentes, cujos métodos se limitam a tentativa-erro, e
muito mais ERRO do que tentativa. Em 1o de Maio último houve uma
demonstração na cidade de São Paulo, NÃO DIVULGADA PELA IMPRENSA, em que
Paulistanos mostraram que pelo menos alguém está começando a ver e a falar que
“O REI ESTÁ FICANDO NU”. Só nos resta esperar que o Povo Brasileiro como um
todo siga o exemplo. Boa semana a todos.
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor
universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 20/2013 – Jornal da Região – ANO XIX, No 1026
- 24/05/2013).
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