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quarta-feira, 22 de maio de 2013

O REI ESTÁ FICANDO NU!


Cena do Protesto na Av. Paulista

Cena do Protesto na Av. Paulista
Cena do Protesto na Av. Paulista



“O REI ESTÁ FICANDO NU!”

Na semana passada falei nesta coluna sobre o investimento sofrível do governo federal na infraestrutura do nosso Brasil, e as consequências nefastas disso que já começam a se mostrar nos projetos de grande envergadura que dela dependem. Se o investimento interno é incipiente, então resta contar com o investimento externo que, na última década, vinha se apresentando em níveis razoáveis, resultado de imagens falsas e promessas vazias de um governo de muita fachada e pouco lastro. Diz o dito popular que talvez consiga-se enganar muita gente por pouco tempo, ou pouca gente por muito tempo, mas ninguém consegue enganar muita gente por muito tempo, portanto os desmandos da nossa cúpula em Brasília estão agora minando o investimento externo também. A reporter Bruna Maia publicou na Revista Capital Aberto deste mês de Maio (Ano 2, # 14) um artigo sob o sugestivo título “Bye, bye, Brasil” (http://www.capitalaberto.com/english/ler_artigo.php?pag=7&sec=105&i=3886) no qual ela explica bem o que está acontecendo com o investimento externo. Passo a traduzir alguns trechos desse artigo que julgo relevantes para o tema, afirmando para os leitores e leitoras que tal tradução é de total responsabilidade deste autor: “Bye, bye, Brasil – Mercados de países vizinhos estão se tornando mais atrativos para os investidores estrangeiros: Chegou-se a acreditar, no passado, que o México seria o ator principal na economia da América Latina na primeira década do Século XXI. Porém, sem muito esforço, o Brasil parece ter ocupado esse espaço, pelo menos até agora, com uma economia aparentemente robusta e dinâmica. O país parecia que reinaria absoluto no Sul do Continente, até que no fim do ano passado de 2012 essa supremacia começou a se diluir. De acordo com dados da EPFR, uma compania especializada na análise de fluxos de investimento, a porcentagem investida no país dos fundos de capital dos mercados emergentes caiu de 16,7% no fim de 2009, para 11,6% em Novembro do ano passado, o nível mais baixo desde 2005. Desde então, esses números continuam desapontantes; em 19 de Abril próximo passado a parcela dos fundos de capital internacionais dedicada ao Brasil apresentou sua oitava semana consecutiva de declínio, publicou a EPFR. Disse Will Landers, Diretor para a América Latina do Fundo BlackRock: “O Brasil tem desapontado…” E o foco principal do criticismo dos investidores estrangeiros é o Governo Brasileiro. Embora o discurso do Governo seja que é preciso melhorar o ambiente de investimento para os investidores estrangeiros, medidas recentes tomadas pela Presidente Dilma Rousseff produzem exatamente o contrário. Farida Khambata, uma analista da empresa de investimento Cartica Capital, cita como exemplo dessa contradição o reajuste do preço da energia elétrica. Enquanto as regras de renovação de concessões reduziram, de fato, o preço da energia elétrica, com o objetivo de tornar mais competitiva a indústria doméstica, na verdade essa diretriz eliminou 20 Bilhões de Dólares no valor de Mercado das companias que operam no setor de energia, devido a alterações abruptas nas hipóteses que formam a base para as previsões dos analistas. Essa queda foi responsável por uma fuga dos investidores do Mercado de ações. Em Setembro de 2012, mês em que o Decreto Provisional  MP 579 foi emitido, o saldo de investimentos estrangeiros no BOVESPA era de 4,17 Bilhões de Reais (~2,05 Bilhões de Dólares), e até 22 de Abril deste ano esse indicador caiu para 1,04 Bilhões de Reais (500 Milhões de Dólares). Disse Farida: “Hoje em dia os investidores estrangeiros estão exigindo um prêmio com base no risco muito mais alto do que exigiam há alguns anos atrás”. A gerente estrategista tem uma impressão pessimista da evolução da economia brasileira: “O crescimento a curto prazo do PIB gerará inflação, e uma alta consequente na taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), canalizando dinheiro que poderia ir para o mercado de ações para a emissão de Títulos Públicos”. Baseado em tais perspectivas, a Cartica Capital, que já tem 40 Milhões de Dólares investidos no Brasil, decidiu, por enquanto, não aumentar o nível desse investimento. A desaceleração econômica da China, que é o maior alvo das exportações das “commodities” brasileiras, também está influenciando a situação econômica. O PIB chines cresceu 7,8% em 2012, a taxa mais baixa dos últimos 13 anos. “A explosão das “commodities”, que foi o dínamo da economia brasileira por muitos anos, se esvaneceu”, disse a estrategista da Cartica Capital. Uma China mais exitante significa que o gigante Sul-americano necessita de fortalecer sua economia doméstica. E “hoje, as companias brasileiras estão longe de atingir os ganhos de produtividade exigidos por esse novo desafio”, diz Claudia Calich, diretora de insumos fixos para o fundo de investimento Americano Invesco. Segundo ela, é necessário “desatar os velhos nós que vêm amarrando o crescimento da economia: A IMENSA CARGA TRIBUTÁRIA, A INFRAESTRUTURA DEFICIENTE, E A BUROCRACIA EXCESSIVA.” Segundo Farida, “o México está fazendo um trabalho muito melhor no que diz respeito a esses ítens. Enquanto o Brasil está se mostrando cada vez mais PROTECIONISTA, e PROCRASTINANDO na execução das reformas necessárias!” A economia Mexicana é uma candidata séria a derrubar o Brasil do primeiro lugar no podium dos investimentos da América Latina em alguns anos. O custo de produção já é bem mais baixo lá, e enquanto a carga tributária brasileira gira em torno de 36% do PIB, a Mexicana é um pouco menor do que 20%. Em 2012, o PIB mexicano cresceu 3,9%, ao passo que o brasileiro só cresceu 0,9%. Um outro país que ameaça a posição brasileira é o Chile, que tem uma carga tributária que é A METADE DA DO BRASIL. A economia Chilena cresceu 5,9% em 2011 e 5,6% em 2012. O desemprego gira em torno de 6%, e, ao contrário do Brasil, tem a inflação sob controle; no ano passado os preços aos consumidores cresceram 2,2% no Chile, enquanto cresceram 5,6% no Brasil. A nação Andina é considerada no Mercado internacional como uma economia madura, e politicamente estável, aberta amigavelmente a investimentos estrangeiros e atração de novos negócios. Segundo Landers, da BlackRock, em comparação com o Brasil, a posição MENOS INTERVENCIONISTA do México, Chile, Peru, e Colombia, está atraindo mais a atenção, e levantando o interêsse do capital estrangeiro…. Um dos maiores problemas brasileiros é o estado DEPLORÁVEL de suas estradas, portos, e aeroportos, o que aumenta drasticamente a um nível proibitivo o seu custo de produção. A Presidente Dilma continua só falando que é necessário diminuir o “custo Brasil” e melhorar a infraestrutura, enquanto seus vizinhos já estão trabalhando nisso há tempo!... Uma pesquisa recente publicada pela firma de consultoria EC Harris avaliou o investimento em infraestrutura de 40 países considerados emergentes: o Brasil ficou em 30o lugar, enquanto o México ficou em 25o e o Chile em 10o… O Brasil também vai mal no índice do Banco Mundial que mede a facilidade de se fazer negócios: em 185 países, o Brasil ocupa a 130a posição, enquanto Chile, Peru, Colombia, e México aparecem nas 37a, 43a, 45a, e 48a posições,  respectivamente.” Espero que esteja ficando claro aos meus leitores e leitoras que dirigir um gigante como o Brasil não é tarefa para incompetentes, cujos métodos se limitam a tentativa-erro, e muito mais ERRO do que tentativa. Em 1o de Maio último houve uma demonstração na cidade de São Paulo, NÃO DIVULGADA PELA IMPRENSA, em que Paulistanos mostraram que pelo menos alguém está começando a ver e a falar que “O REI ESTÁ FICANDO NU”. Só nos resta esperar que o Povo Brasileiro como um todo siga o exemplo. Boa semana a todos.
                                     
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). 
(PENSAMENTOS No 20/2013 – Jornal da Região – ANO XIX, No 1026 - 24/05/2013).

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