A irresponsabilidade do Brasileiro no trânsito é mesmo de estarrecer! Como Governador Assistente do Distrito 4560 do Rotary International, o qual inclui o nosso Rotary Club de Guaxupé, tenho feito viagens às cidades próximas de Poços de Caldas, Alfenas, Machado, Carmo do Rio Claro, e essas "esticadas" de no máximo algumas horas pelas alterosas Mineiras, que deveriam ser bálsamos para os nossos olhos dados os panoramas deslumbrantes que se abrem conforme navegamos pelos espigões, tornam-se verdadeiras "ginkanas", onde a cada lombada, a cada curva, tem-se a nítida impressão que levamos a vida nas mãos, completamente sem contrôle das investidas irresponsáveis dos nossos companheiros de estrada. Ultrapassagens nas lombadas, atravessando a faixa dupla sólida em trevos, pontes, accessos a postos de gasolina, um desrespeito completo e total aos limites de velocidade impostos por questões de segurança, e baseados em pesquisas sérias que associam a velocidade ao risco de acidentes e à topologia da estrada. Como diz a sabedoria popular, "é preciso guiar na defensiva, por você e também pelos outros...". Raras são as vezes em que não se chega ao destino tenso, com aquela dorzinha na nuca que sobe até atrás das orelhas... Mas não é só na estrada que observamos essa total falta de respeito às regras do trânsito e ao próximo. Dizem que a grande maioria dos acidentes, na verdade, acontecem na cidade, e a pouca distância de lugares familiares como a própria garagem da casa, ou o estacionamento do supermercado. E o que se observa na cidade corrobora essa estatística. Não vou nem falar muito do fenômeno MOTOCICLETA, que elevou o risco de um acidente a níveis astronômicos, e com o agravante que o parachoque do motoqueiro ("não é motoqueiro", dizem êles... "é motociclista!") é a sua própria testa. O que os motoq... er... motociclistas fazem pondo em risco a própria vida e a de outros em cada esquina é realmente de estarrecer. Outro dia um menino imberbe, cheirando a leite, montado em uma moto, sem capacete, e usando havaianas, atravessou um cruzamento na contra-mão, e veio para cima do meu carro enquanto observava as curvas de uma garota que andava pela calçada em direção a um supermercado próximo. Estanquei o carro e fiquei observando o desfecho da cena pois não havia jeito de fazer qualquer outra coisa. Quando êle estava a ponto de atropelar o meu carro (parado!) êle se deu conta do que estava para ocorrer, e conseguiu desviar derrapando naquela "areinha" sempre presente nos cruzamentos, e foi parar na porta do tal supermercado, onde pessoas já haviam saido para a calçada, atraídas pelos barulhos da freiada e da derrapagem. Saí do carro para ver se êle precisava de alguma coisa, e vi aquela carinha assustada... aproveitei para perguntar, em alto e bom tom para que todos em volta escutassem, se êle tinha vocação para defunto... Espero que êle tenha aprendido a lição. Mas eu disse que não queria falar muito sôbre os motoq... er... motociclistas, mas sim sôbre um outro fato que realmente me apavora: a quantidade de gente que guia ou vai de passageiro nos automóveis sem usar o CINTO DE SEGURANÇA. Além de desconhecer totalmente o risco que estão correndo, ignoram completamente o fato de que estão violando UMA LEI!! E o que é ainda pior, pais e mães não só não usam o cinto de segurança, como também andam com suas crianças soltas dentro do carro, às vezes até no colo do motorista! O risco desse comportamento é algo tão incompreensível, tão cretino, que desafia o bom senso de qualquer pessoa. Crianças soltas no carro, em uma freiada ou movimento mais bruscos viram verdadeiros projéteis dentro do veículo, com risco ENORME para elas próprias, e também para os demais ocupantes do veículo. Se sentadas no colo do motorista, então, elas fazem o papel da "airbag" no caso de uma colisão, sendo esmagadas entre o motorista e o volante. São muitos os casos de crianças no colo do motorista que sofrem ferimentos graves durante um acidente, muitas vezes fatais. O desleixo pela segurança associada ao cinto de segurança no Brasil é realmente impressionante. Um pouco de história talvez ajude: no início do século XX o francês Gustave Leveau observou que nos carros de tração animal da época, as pessoas eram arremessadas para fora quando o cavalo empacava ou caia. A constatação de que com o aumento da velocidade a incidência de acidentes também aumentava, levou à criação do chamado "suspensório de segurança", duas faixas de couro que se cruzavam em X no peito presas em pontos no espaldar do assento. É fácil imaginar que não era muito fácil soltá-los... depois veio o cinto de dois pontos em volta da cintura, que em acidentes graves causavam ferimentos graves, às vezes fatais, na região do abdomen. Em 1959, a VOLVO sueca pediu a um jovem (38 anos) engenheiro de nome Nils Bohlin, que trabalhava no projeto de assentos ejetáveis para caças a jato, que transferisse seu conhecimento e experiência para os assentos de automóveis. Êle criou o cinto de segurança de três pontos, os quais são usados até hoje, mais de 50 anos depois. As estatísticas dele são espetaculares, e demonstram sua eficácia: o estudo mais longo feito a respeito do seu funcionamento, por pesquisadores noruegueses, mostra que os motoristas usando o cinto têm probabilidade 50% menor de morrer em um acidente, os passageiros do banco dianteiro 45%, e os passageiros do banco traseiro 25%. O risco de ferimentos graves também tem reduções consideráveis com o uso do cinto: 45% para motoristas e passageiros no banco dianteiro, e 25% para passageiros no banco traseiro. Portanto, queridos leitores e leitoras, PELO AMOR DE DEUS, não façam de suas crianças projéteis fatais no caso de um acidente. Não corram riscos desnecessários. USEM O CINTO DE SEGURANÇA!!!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com). (PENSAMENTOS No 45/2011 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 951 – 02/12/2011)
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