PODE...???
"O TERMINAL RODOVIÁRIO MUNICIPAL... OUTRA VEZ!!”
Há quase dois anos e meio eu publiquei nesta coluna um texto denominado “O TERMINAL RODOVIÁRIO MUNICIPAL, E OUTRAS HISTÓRIAS...” (Jornal da Região – ANO XVI, No 847 – 20/11/2009). Narrava eu naquela época uma experiência então recente vivida em uma audiência pública promovida pela Prefeitura Municipal de Guaxupé. Reproduzo a seguir o texto completo daquela coluna, pois parece que êle precisa, mais do que nunca, ser relido pela população: “Foi na Terça-feira da semana passada... os telefonemas começaram lá pela hora do almoço, e várias pessoas amigas seguiam perguntando se eu havia me dado conta do que iria acontecer naquela noite no CAIC. Bem, se eu não havia me dado conta, o tom de urgência na voz dos meus interlocutores chamava a minha atenção, e fui atrás da convocação nos jornais locais da semana anterior, e lá estava, em um canto inconspícuo de uma página sobre a qual era fácil se passar batido... a administração municipal estava convocando a população para uma audiência popular no CAIC para decidir o local aonde seria construido o Terminal Rodoviário Municipal. Achei estranho que se pretendesse tomar decisão de tal monta em meio a uma audiência popular, mas o tom de urgência na voz dos amigos que me telefonavam não era bem por isso, mas sim porque o local a ser proposto pela administração na tal audiência era (pasmem!) bem no meio da Avenida Conde Ribeiro do Valle, na ilha central, aonde hoje já existe a inconveniência de um ponto central de ônibus, ali, bem em frente às Casas Pernambucanas e às Lojas Cem. Cheguei a argumentar com meus amigos dizendo que eles só podiam estar mal-informados, que ninguém em sã consciência sugeriria tamanha agressão ao patrimonio histórico da cidade, e além do mais haviam as árvores enormes que ornam aquele local, os ficus que por tantas décadas vêm abençoando os transeuntes com aquela sombra benfazeja; o CODEMA nunca autorizaria a remoção daquelas árvores. Como meus amigos insistiam, resolvi comparecer à tal audiência para ver por mim mesmo o que estava transcorrendo, e, de fato, ao chegar no local, constatei que o “datashow” montado para acompanhar a explanação de abertura do Sr. Prefeito já mostrava fotos daquele local, e corria entre os presentes a informação de que o CODEMA já havia autorizado (!!) o corte das árvores. A chave de ouro do circo armado era uma lista de presença que continha em seu cabeçalho uma frase que dizia que “O seguinte local (nome em branco) havia recebido o respaldo popular”. O Sr. Prefeito abriu a audiência, de fato, apresentando aos presentes aquele local inadequado como o preferido de sua “equipe técnica”, porém para seu mérito, enfatizou o carácter democrático daquela consulta popular, uma vez que a ACIG já havia se manifestado com posição contrária ao local sugerido. Também para o seu mérito, disse êle que “infelizmente” o patrimônio histórico da cidade havia sido “atropelado” em ocasiões anteriores, reconhecendo assim que o que estava sendo proposto era um outro atropêlo ao patrimônio histórico da cidade. Vários dos presentes usaram da palavra para expor seus sentimentos, tendo sido a tônica constante que ninguém negava a necessidade da construção de um terminal, porém não no local proposto. O Sr. Prefeito, então, agindo totalmente de acôrdo com as normas democráticas, substituiu o voto potencial de corroboração do local proposto por um voto de preferência por locais alternativos a serem estudados, inclusive eliminando do cabeçalho da lista de presença a frase acima mencionada. Usei do microfone para sugerir um dos lugares alternativos, que terminou sendo o mais votado pelos presentes: o antigo páteo da FEPASA, ou seja, o cul-de-sac que fica entre a balaustrada e os galpões que formavam a antiga estação da Mogiana. Na próxima semana elaborarei as vantagens da minha sugestão. Está de parabéns o Sr. Prefeito pela condução e iniciativa da audiência.” Como vocês, leitores, podem ver, eu conclui o texto cumprimentando o Sr. Prefeito pela iniciativa e condução democrática do evento. Ora, dois ano e meio depois, parece que o assunto não resolvido naquela época, volta às manchetes com uma roupagem totalmente diferente. Iniciou-se com o anúncio pela Prefeitura da obtenção de financiamento para construção do tal terminal, mas desta vez impondo que êle se localizaria no local originalmente planejado, ou seja, o canteiro central da Avenida Conde Ribeiro do Valle em frente às Casas Pernambucanas. E essa imposição se daria por uma suposta “vontade popular” que “não havia sido ouvida” naquela audiência PÚBLICA realizada em 2009. Como?? Quer dizer que o povo que compareceu à audiência PÚBLICA mostrando seu interêsse no assunto em pauta não conta como “vontade popular”?? Sem supresas, a atual Presidente da A.C.I.G., Lucimar Arantes, se manifestou pùblicamente contra a localização planejada para o terminal, posição coerente com a posição da A.C.I.G. manifestada pela então diretoria em 2009, enfatizando o impacto negativo no trânsito já “caótico” da Av. Conde Ribeiro do Valle. Isso gerou um texto publicado pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura que é um primor de atitude anti-democrática, divisória, e tendenciosa, cujo pecado maior foi rotular camadas da nossa comunidade como “elite” e “povo”, propositadamente jogando uma contra a outra em torno do tema da localização física do terminal. Ambas as manifestações da Presidente da A.C.I.G. e da Assessoria de Comunicação da Prefeitura estão disponíveis no website www.gxp.com.br e eu encorajo a todos vocês, leitores a lerem não só os textos, como também os comentários de membros da comunidade a respeito deles. A Prefeitura não pode supor que representa apenas algum subconjunto da população da cidade, qualquer que seja a definição desse subconjunto. Uma vez eleito o Prefeito, e apontados os membros da equipe de administração municipal, esta equipe é representante de TODA a população da cidade, e portanto as vozes de QUAISQUER cidadãos devem, sem exceção, ser consideradas como “vontade popular”. A rotulação mal-definida de camadas da população como “povo” e “elite” com objetivos divisórios e eleitoreiros se constitue em uma atitude irresponsável e demagógica. Eu espero que o Sr. Prefeito continue merecendo os meus cumprimentos por uma conduta democrática, que êle puxe a orelha dos seus Assessores de Comunicação por representá-lo junto à população de sua cidade com imagem diametralmente oposta àquela pela qual eu o cumprimentei na audiência PÚBLICA de 2009. Espero que êle conduza esse assunto, agora feito polêmico, de maneira sensata, sem causar um impacto proibitivo no trânsito já congestionado da Av. Conde Ribeiro do Valle, sem agredir o patrimônio histórico e ecológico da cidade que o elegeu, e sem colocar objetivos puramente eleitoreiros acima do desenvolvimento próprio e sensato da cidade. Duas semanas após a publicação do texto supra-citado em 2009, publiquei outro texto nesta coluna oferecendo razões técnicas para uma localização alternativa que ofereci durante a audiência PÚBLICA, e a qual ainda julgo ser a melhor alternativa de todas que vêm sendo consideradas, ou seja, o antigo páteo da FEPASA, o cul-de-sac entre a balaustrada e os antigos barracões da Mogiana. Repetirei aquele texto na coluna da semana que vem, pois penso que êle é relevante ao debate atual. Vocês, leitores, façam suas pesquisas nas fontes citadas e outras que julgarem por bem. Formem suas opiniões e façam-nas valer no intúito de ajudar o Sr. Prefeito em sua decisão, o que também é a minha intenção em re-publicar esses textos de 2009. Não vamos marcar a comemoração do centenário da nossa Guaxupé com uma agressão tão violenta ao seu patrimônio histórico como sugere a posição oficial declarada pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura; não quando há alternativas melhores em que TODA a população sai ganhando, e incluindo a preservação e utilização para fins nobres de patrimônio tão significativo para a cidade como os antigos barracões da Mogiana e o páteo da FEPASA. Não percam a próxima coluna, e uma boa semana a todos!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 07/2012 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 962 – 17/02/2012).
"O TERMINAL RODOVIÁRIO MUNICIPAL... OUTRA VEZ!!”
Há quase dois anos e meio eu publiquei nesta coluna um texto denominado “O TERMINAL RODOVIÁRIO MUNICIPAL, E OUTRAS HISTÓRIAS...” (Jornal da Região – ANO XVI, No 847 – 20/11/2009). Narrava eu naquela época uma experiência então recente vivida em uma audiência pública promovida pela Prefeitura Municipal de Guaxupé. Reproduzo a seguir o texto completo daquela coluna, pois parece que êle precisa, mais do que nunca, ser relido pela população: “Foi na Terça-feira da semana passada... os telefonemas começaram lá pela hora do almoço, e várias pessoas amigas seguiam perguntando se eu havia me dado conta do que iria acontecer naquela noite no CAIC. Bem, se eu não havia me dado conta, o tom de urgência na voz dos meus interlocutores chamava a minha atenção, e fui atrás da convocação nos jornais locais da semana anterior, e lá estava, em um canto inconspícuo de uma página sobre a qual era fácil se passar batido... a administração municipal estava convocando a população para uma audiência popular no CAIC para decidir o local aonde seria construido o Terminal Rodoviário Municipal. Achei estranho que se pretendesse tomar decisão de tal monta em meio a uma audiência popular, mas o tom de urgência na voz dos amigos que me telefonavam não era bem por isso, mas sim porque o local a ser proposto pela administração na tal audiência era (pasmem!) bem no meio da Avenida Conde Ribeiro do Valle, na ilha central, aonde hoje já existe a inconveniência de um ponto central de ônibus, ali, bem em frente às Casas Pernambucanas e às Lojas Cem. Cheguei a argumentar com meus amigos dizendo que eles só podiam estar mal-informados, que ninguém em sã consciência sugeriria tamanha agressão ao patrimonio histórico da cidade, e além do mais haviam as árvores enormes que ornam aquele local, os ficus que por tantas décadas vêm abençoando os transeuntes com aquela sombra benfazeja; o CODEMA nunca autorizaria a remoção daquelas árvores. Como meus amigos insistiam, resolvi comparecer à tal audiência para ver por mim mesmo o que estava transcorrendo, e, de fato, ao chegar no local, constatei que o “datashow” montado para acompanhar a explanação de abertura do Sr. Prefeito já mostrava fotos daquele local, e corria entre os presentes a informação de que o CODEMA já havia autorizado (!!) o corte das árvores. A chave de ouro do circo armado era uma lista de presença que continha em seu cabeçalho uma frase que dizia que “O seguinte local (nome em branco) havia recebido o respaldo popular”. O Sr. Prefeito abriu a audiência, de fato, apresentando aos presentes aquele local inadequado como o preferido de sua “equipe técnica”, porém para seu mérito, enfatizou o carácter democrático daquela consulta popular, uma vez que a ACIG já havia se manifestado com posição contrária ao local sugerido. Também para o seu mérito, disse êle que “infelizmente” o patrimônio histórico da cidade havia sido “atropelado” em ocasiões anteriores, reconhecendo assim que o que estava sendo proposto era um outro atropêlo ao patrimônio histórico da cidade. Vários dos presentes usaram da palavra para expor seus sentimentos, tendo sido a tônica constante que ninguém negava a necessidade da construção de um terminal, porém não no local proposto. O Sr. Prefeito, então, agindo totalmente de acôrdo com as normas democráticas, substituiu o voto potencial de corroboração do local proposto por um voto de preferência por locais alternativos a serem estudados, inclusive eliminando do cabeçalho da lista de presença a frase acima mencionada. Usei do microfone para sugerir um dos lugares alternativos, que terminou sendo o mais votado pelos presentes: o antigo páteo da FEPASA, ou seja, o cul-de-sac que fica entre a balaustrada e os galpões que formavam a antiga estação da Mogiana. Na próxima semana elaborarei as vantagens da minha sugestão. Está de parabéns o Sr. Prefeito pela condução e iniciativa da audiência.” Como vocês, leitores, podem ver, eu conclui o texto cumprimentando o Sr. Prefeito pela iniciativa e condução democrática do evento. Ora, dois ano e meio depois, parece que o assunto não resolvido naquela época, volta às manchetes com uma roupagem totalmente diferente. Iniciou-se com o anúncio pela Prefeitura da obtenção de financiamento para construção do tal terminal, mas desta vez impondo que êle se localizaria no local originalmente planejado, ou seja, o canteiro central da Avenida Conde Ribeiro do Valle em frente às Casas Pernambucanas. E essa imposição se daria por uma suposta “vontade popular” que “não havia sido ouvida” naquela audiência PÚBLICA realizada em 2009. Como?? Quer dizer que o povo que compareceu à audiência PÚBLICA mostrando seu interêsse no assunto em pauta não conta como “vontade popular”?? Sem supresas, a atual Presidente da A.C.I.G., Lucimar Arantes, se manifestou pùblicamente contra a localização planejada para o terminal, posição coerente com a posição da A.C.I.G. manifestada pela então diretoria em 2009, enfatizando o impacto negativo no trânsito já “caótico” da Av. Conde Ribeiro do Valle. Isso gerou um texto publicado pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura que é um primor de atitude anti-democrática, divisória, e tendenciosa, cujo pecado maior foi rotular camadas da nossa comunidade como “elite” e “povo”, propositadamente jogando uma contra a outra em torno do tema da localização física do terminal. Ambas as manifestações da Presidente da A.C.I.G. e da Assessoria de Comunicação da Prefeitura estão disponíveis no website www.gxp.com.br e eu encorajo a todos vocês, leitores a lerem não só os textos, como também os comentários de membros da comunidade a respeito deles. A Prefeitura não pode supor que representa apenas algum subconjunto da população da cidade, qualquer que seja a definição desse subconjunto. Uma vez eleito o Prefeito, e apontados os membros da equipe de administração municipal, esta equipe é representante de TODA a população da cidade, e portanto as vozes de QUAISQUER cidadãos devem, sem exceção, ser consideradas como “vontade popular”. A rotulação mal-definida de camadas da população como “povo” e “elite” com objetivos divisórios e eleitoreiros se constitue em uma atitude irresponsável e demagógica. Eu espero que o Sr. Prefeito continue merecendo os meus cumprimentos por uma conduta democrática, que êle puxe a orelha dos seus Assessores de Comunicação por representá-lo junto à população de sua cidade com imagem diametralmente oposta àquela pela qual eu o cumprimentei na audiência PÚBLICA de 2009. Espero que êle conduza esse assunto, agora feito polêmico, de maneira sensata, sem causar um impacto proibitivo no trânsito já congestionado da Av. Conde Ribeiro do Valle, sem agredir o patrimônio histórico e ecológico da cidade que o elegeu, e sem colocar objetivos puramente eleitoreiros acima do desenvolvimento próprio e sensato da cidade. Duas semanas após a publicação do texto supra-citado em 2009, publiquei outro texto nesta coluna oferecendo razões técnicas para uma localização alternativa que ofereci durante a audiência PÚBLICA, e a qual ainda julgo ser a melhor alternativa de todas que vêm sendo consideradas, ou seja, o antigo páteo da FEPASA, o cul-de-sac entre a balaustrada e os antigos barracões da Mogiana. Repetirei aquele texto na coluna da semana que vem, pois penso que êle é relevante ao debate atual. Vocês, leitores, façam suas pesquisas nas fontes citadas e outras que julgarem por bem. Formem suas opiniões e façam-nas valer no intúito de ajudar o Sr. Prefeito em sua decisão, o que também é a minha intenção em re-publicar esses textos de 2009. Não vamos marcar a comemoração do centenário da nossa Guaxupé com uma agressão tão violenta ao seu patrimônio histórico como sugere a posição oficial declarada pela Assessoria de Comunicação da Prefeitura; não quando há alternativas melhores em que TODA a população sai ganhando, e incluindo a preservação e utilização para fins nobres de patrimônio tão significativo para a cidade como os antigos barracões da Mogiana e o páteo da FEPASA. Não percam a próxima coluna, e uma boa semana a todos!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 07/2012 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 962 – 17/02/2012).
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