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NEIL ARMSTRONG NA LUA |
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NEIL ARMSTRONG |
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COLUMBIA DECOLANDO - STS1 |
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COLUMBIA ATERRISANDO - STS1 |
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COMANDANTE JOHN YOUNG E PILOTO ROBERT CRIPPEN |
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ENTERPRISE CHEGA A NEW YORK |
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ENTERPRISE VOA SOBRE A ESTATUA DA LIBERDADE |
“O PROGRAMA ESPACIAL AMERICANO... E
EU..."
Como todo bom engenheiro, projetos
ambiciosos e desafiantes sempre me fascinaram... Lembro-me como se fosse hoje,
nos idos de 1969, quando o astronauta Americano Neil Armstrong tornou-se o
primeiro homem a pisar na Lua, como Comandante da APOLLO 11. Dizem que a gente
sempre se lembra onde estava durante eventos que mudam a história do mundo...
pois bem, nesse dia eu me encontrava em Guaxupé, e assisti o evento em uma TV
branco e preto na casa da Vó Tana, a Dna. Sebastiana, avó daquela que era então
minha noiva, e que é hoje minha esposa e companheira por 44 anos. Presentes
estavam também vários primos dela, além da Vó Tana que dizia a todos que aquilo
não podia ser verdade, que era tudo uma armação, um filme feito pelos
Americanos para enganar o mundo. Isso enquanto Neil Armstrong transmitia da
Lua, ao descer o último degrau da escada do módulo lunar para a superfície da
Lua, sua frase que ficou famosa: "A small step for me, a giant leap for mankind..." (Um pequeno passo
para mim, um salto gigante para a humanidade...). Anos mais tarde, em 1976,
quando visitei a Universidade de Michigan pela primeira vez representando o
Governo Federal Brasileiro, fiquei hospedado no campus central da Universidade,
em um prédio chamado Michigan Union, o qual acomodava em suas dependências um
pequeno hotel para professores visitantes. Na escadaria de entrada do prédio,
uma placa comemorativa me chamou a atenção; nela estão inscritas as seguintes
palavras: "Nestes degraus em 1960 o Presidente John F. Kennedy proferiu o
famoso discurso desafiando o estabelecimento científico Americano a colocar um
homem na Lua antes do fim daquela década." E êles conseguiram! Alguns anos
mais tarde, como aluno de pós-graduação daquela Universidade e depois como
membro de seu corpo docente, vim a entender bem por que êles conseguiram; se eu
tivesse de resumir em algumas palavras esse porquê, eu diria: Seriedade,
Investimento em Educação, Respeito pelo Conhecimento, Reconhecimento de Mérito,
além de uma disciplina ferrenha em Gerência de Projetos. Mas nada como ver
"in loco" o local onde tudo aconteceu, e foi assim que anos mais
tarde, em 1981, quando visitei o estado Americano da Flórida com minha família
pela primeira vez, tive a oportunidade de visitar o então "Cape
Canaveral", hoje "Cape Kennedy", de onde foram lançados os
foguetes Saturno V do Projeto APOLLO, inclusive o APOLLO 11 que levou Armstrong
à Lua. Lá o Projeto APOLLO é relatado e demonstrado com uma apresentação
impressionante ao público visitante, de uma maneira extremamente didática como
um verdadeiro museu de ciência, visando passar aos jovens que visitam, como
meus filhos, o (bom) orgulho e o sentimento do dever cumprido, respondendo ao
desafio do então Presidente Kennedy, daqueles que contribuiram para aquela
conquista. Mas outro encontro fascinante estava à minha espera naquela visita.
A semana em que estive no "Cape Canaveral" foi a semana que antecedeu
o primeiro vôo do Ônibus Espacial Americano, e o conjunto contendo a nave COLUMBIA,
o gigantesco tanque de combustível líquido, e os dois foguetes laterais de
combustível sólido já estava fazendo o percurso do prédio de montagem para a
plataforma de lançamento, e pudemos vê-la de perto, em toda a sua glória. Quem
assistiu aos famosos filmes "The Right Stuff" sôbre o treinamento dos
primeiros astronautas, e "Apollo 13", sôbre o quase-desastre da
missão do título, sabe que um dos pontos de contenção do Projeto Apollo, pelos
seus próprios astronautas, era a forma em que as cápsulas Apollo retornavam à
Terra, suspensas por pára-quedas e mergulhando no oceano, onde eram recuperadas
por navios porta-aviões da Marinha Americana. Os astronautas Americanos, todos
pilotos renomados da Marinha e da Aeronáutica, queriam voltar
"pilotando" suas naves, e não da forma descrita. O famoso piloto
Americano Chuck Yeager, o primeiro homem a quebrar a barreira do som em um
jato, declinou a oferta de tornar-se um astronauta do Projeto Apollo por causa
dessa questão. E aí a nova fase da conquista espacial estava para acontecer...
o Ônibus Espacial, uma nave que decolava como os foguetes, e retornava como os
aviões, aterrisando como um planador gigante. O vôo inaugural da semana
seguinte foi emocionante; acompanhei-o passo-a-passo da nossa casa em Michigan.
Planejada para uma tripulação de 7 astronautas, a COLUMBIA foi ao espaço com
apenas dois, escolhidos a dedo: o Comandante John Young, um dos mais graduados
pilotos astronautas da equipe, que dada sua idade já um pouco avançada para a
missão teve suas lentes de correção visual especialmente adaptadas em seu
capacete de astronauta; e o piloto Robert Crippen, o piloto julgado mais
capacitado nos testes de aterrisagem executados com o modêlo do Ônibus Espacial
ENTERPRISE na fase de preparação dos vôos espaciais. Esses testes consistiam em
pilotar a ENTERPRISE depois de se soltar do topo de um Boeing 747 em vôo, e
aterrisá-lo, simulando assim a última parte do vôo espacial, após a reentrada
na atmosfera terrestre. A imagem da COLUMBIA aterrisando no vôo inaugural, e de
John Young e Bob Crippen saindo da nave e correndo sob ela para examiná-la
quanto a possíveis estragos nos ladrilhos especiais que cobriam sua
"barriga" e a defenderam da reentrada escorchante na atmosfera
terrestre, contrariando os membros da equipe de recepção que os queriam
isolados para exame médico de quaisquer consequências da exposição dos seus
corpos ao vôo espacial, ficou marcada para sempre na minha memória. Nem tudo, é
claro, em projetos de tamanha envergadura é sucesso. Três desastres com perda
de vida humana também marcaram fundo o programa espacial Americano, um incêndio
de uma cápsula Apollo durante uma simulação na plataforma de lançamento matou
os astronautas Gus Grisson, James McDivitt e Roger Schaffee no início do
Projeto Apollo, e dois Ônibus Espaciais se desintegraram matando suas
tripulações: a CHALLENGER explodiu durante a decolagem, e a própria COLUMBIA se
desintegrou durante a reentrada na atmosfera terrestre. Porém são inúmeros os
benefícios conseguidos pelos vôos espaciais, muitos certamente para listá-los
aqui, mas talvez em uma coluna futura eu decida enumerá-los. E as 17 vidas
perdidas no processo são veneradas como heróis e heroinas que as deram em prol
do bem maior. Depois de 30 anos ativos, o Programa dos Ônibus Espaciais Americanos
chegou ao fim, e foi aposentado no ano passado. As 4 naves restantes
(ENTERPRISE, ATLANTIS, DISCOVERY, e ENDEAVOR) foram doadas pela NASA a 4
Museus: o "Johnson Space Center" em Houston no Texas, o "Kennedy
Space Center" na Flórida, o "Air and Space Museum" do
Smithsonian Institution na Capital Washington e o "Intrepid" na
cidade de New York, onde serão expostas para continuar ensinando, motivando,
maravilhando a juventude Americana a liderar novas conquistas. Na Sexta-feira
da semana passada tive a felicidade de levar um dos meus netos para
presenciarmos a chegada da ENTERPRISE a New York, no topo do Boeing 747 que a
transportou desde os primeiros testes acima descritos, fazendo um vôo rasante
sôbre o Rio Hudson, e sôbre o convés de vôo do Intrepid, onde ela ficará
exposta ao público para sempre. O Intrepid é um porta-aviões da época da 2a
Guerra Mundial que participou de recuperações de cápsulas espaciais Mercury,
Gemini, e Apollo nos primórdios dos vôos espaciais tripulados, e hoje é um
museu ancorado eternamente ao longo da costa oeste de Manhattan, no Rio Hudson.
Foi um outro momento muito especial e emocionante para mim, e os olhos do meu
netinho brilharam... A NASA já fala da próxima fase, com naves que nos levarão
a Marte e além. Meus netos certamente presenciarão isso. Será que eu
presenciarei...? Mal posso esperar...
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor
universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 17/2012 – Jornal da Região – ANO XVIII, No 972
– 04/05/2012).
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