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A REMETENTE |
“O DESABAFO DA PROFESSORA PANNUNZIO – Segunda
Parte"
Na semana passada chegou ao meu
conhecimento uma carta publicada na Internet por uma Professora de Uberlândia,
a Snra. Martha
de Freitas Azevedo Pannunzio, dirigida à Presidente Dilma Rousseff.
Segundo a data na carta, ela foi escrita há mais ou menos um mês, logo após o
Dia das Mães. Eu não conheço a Professora, e não entrei em contato com ela para
verificar veracidade, porém ela assina a carta com seu contato eletrônico e
CPF, os quais eu repito aqui: marthapannunzio@hotmail.com ; CPF nº 394172806-78. Para
mim isso é suficiente, mas independente disso, o conteúdo da carta é algo que
TODOS os Brasileiros devem ter a chance de ler com atenção pelo menos uma vez.
O texto é longo, e por isso eu o dividi em 3 partes; na semana passada
publiquei a Primeira Parte e nesta publico a Segunda. A conclusão será na
semana que vem. Boa leitura! –
CARTA À
PRESIDENTA DILMA: BRASIL CARINHOSO (2 de 3) Seu presente para as mães
miseráveis seria muito mais aplaudido se anunciasse apenas duas decisões: um
programa nacional de planejamento familiar a partir do seu exemplo, como mãe de
uma única filha, e uma escola de um turno só, de doze horas. Não sabe como
fazer isto? Eu ajudo. Releia Josué de Castro, A GEOGRAFIA DA FOME. Releia
Anísio Teixeira. Releia tudo de Darcy Ribeiro. Revisite os governos gaúcho e
fluminense de seu meio-conterrâneo e companheiro de PDT, Leonel Brizola.
Convide o senador Cristovam Buarque para um café-amigo, mesmo que a Casa Civil
torça o nariz. Ele tem o mapa da mina. A senhora se lembra dos CIEPs? É disto
que o Brasil precisa. De escola em tempo integral, igual para as crianças e
adolescentes de todas as camadas, miseráveis ou milionárias. Escola com quatro
refeições diárias, escova de dente e banho. E aulas objetivas,
evidentemente. Com biblioteca, auditório
e natação. Com um jardim bem cuidado, sombreado, prazeroso. Com uma baita
horta, para aprendizado dos alunos e abastecimento da cantina. Escola adequada
para os de zero a seis, para estudantes de ensino fundamental e para os de
ensino médio, em instalações individuais para um máximo de quinhentos alunos
por prédio. Escola no bairro, virando a esquina de casa. De zero a dezessete
anos. Dê um pulinho na Finlândia, dona Dilma. No aerolula dá pra chegar num piscar de olhos. Vá até lá
ver como se gerencia a educação pública com responsabilidade e resultado.
Enquanto os finlandeses amam a escola, os brasileiros a depredam. Lá eles
permanecem. Aqui a evasão é exorbitante. Educação custa caro? Depende do ponto
de vista de quem analisa. Só que educação não é despesa. É investimento. E tem
que ser feita por qualquer gestor minimamente sério e minimamente inteligente.
Povo educado ganha mais, consome mais, come mais corretamente, adoece menos e
recolhe mais imposto para as burras dos
governos. Vale à pena investir mais em educação do que em caridade, pelo
menos assim penso eu, materialista convicta. Antes que eu me esqueça e para ser
bem clara: planejamento familiar não tem nada a ver com controle de natalidade.
Aliás, é a única medida capaz de evitar a legalização do controle de
natalidade, que é uma medida indesejável, apesar de alguns países precisarem
recorrer a ela. Uberlândia, inspirada na lei de Cascavel, Paraná, aprovou, em
novembro de 1992, a lei do planejamento familiar. Nossa cidade foi a segunda do
Brasil a tomar esta iniciativa, antecipando-se ao SUS. Eu, vereadora à época,
fui a autora da mesma e declaro isto sem nenhuma vaidade, apenas para a senhora
saber com quem está falando. Senhora PresidentA, mesmo não tendo votado na
senhora, torço pelo sucesso do seu governo como mulher e como cidadã. Mas a
maior torcida é para que não lhe falte discernimento, saúde nem coragem para
empunhar o chicote e bater forte, se for preciso. A primeira chibatada é o seu
veto a este Código Florestal, que ainda está muito ruim, precisado de muito
amadurecimento e aprendizado. O planeta terra é muito mais importante do que o
lucro do agronegócio e a histeria da reforma agrária fajuta que vocês estão
promovendo. Sou fazendeira e ao mesmo tempo educadora
ambiental. Exatamente por isto não perco a sensatez. Deixe o Congresso pensar um pouco mais,
afinal, pensar não dói e eles estão em Brasília, bem instalados e bem remunerados,
para isto mesmo. E acautele-se durante o processo eleitoral que se aproxima.
Pega mal quando um político usa a máquina para beneficiar seu partido e sua
base aliada. Outros usaram? E daí? A senhora não é “os outros”. A senhora á a
senhora, eleita pelo povo brasileiro para ser a presidentA do Brasil, e não a
presidentA de um partidinho de aluguel, qualquer. Se conselho fosse bom a gente
não dava, vendia. Sei disto, é claro. Assim mesmo vou aconselhá-la a pedir
desculpas às outras mães excluídas do seu presente: as mães da classe média
baixa, da classe média média, da classe média alta, e da classe dominante, sabe
por quê? Porque somos nós, com marido ou sem marido, que, junto com os homens
produtivos, geradores de empregos, pagadores de impostos, sustentamos a
carruagem milionária e a corte perdulária do seu governo tendencioso, refém do
PT e da base aliada oportunista e voraz. A senhora, confinada no seu palácio,
conhece ao vivo os beneficiários da Bolsa-família? Os muitos que eu conheço se
recusam a aceitar qualquer trabalho de carteira assinada, por medo de perder o
benefício. Estou firmemente convencida de que este novo programa, BRASIL
CARINHOSO, além de não solucionar o problema de ninguém, ainda tem o condão de
produzir uma casta inoperante, parasita social, sem qualificação profissional,
que não levará nosso País a lugar nenhum. E, o que é mais grave, com o excesso
de propaganda institucional feita incessantemente pelo governo petista na
última década, o Brasil está na mira dos desempregados do mundo inteiro, a
maioria qualificada, que entrarão por todas as portas e ocuparão todos os
empregos disponíveis, se contentando até mesmo com a informalidade. E aí os
brasileiros e brasileiras vão ficar chupando prego, entregues ao deus-dará, na
ociosidade que os levará à delinqüência e às drogas.
Espero que a Primeira Parte e esta Segunda Parte tenham
aguçado sua curiosidade, leitores e leitoras, para a Conclusão que se seguirá.
E que as considerações da Professora Pannunzio lhes sejam úteis no exercício do
direito mais importante do cidadão, o direito de voto, quando vocês forem
chamados às urnas em eleições futuras. Boa semana a todos!
O autor é engenheiro, doutor em ciência da computaçao, professor
universitário, e pode ser contactado através do e-mail claudio.spiguel@gmail.com).
(PENSAMENTOS No 25/2012 – Jornal da Região
– ANO XIX, No 981 - 06/07/2012).
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